Agricultores da região metropolitana de Porto Alegre exportam arroz ecológico produzido em seis assentamentos de Nova Santa Rita, Charqueadas, Viamão, Guaíba, Eldorado do Sul e Tapes. A primeira carga foi enviada aos Estados Unidos na última terça-feira (15/5).
Foram carregadas 20 toneladas de arroz branco e 20 toneladas de arroz integral, em sacos de 25kg da marca “Arroz Ecológico”, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O cultivo possui certificações de produto orgânico para os mercados brasileiro, europeu e norte-americano, emitidas pelo Instituto de Mercadologia Ecológica de São Paulo.
O engenheiro agrônomo Nathaniel Schmid, que presta assistência técnica, relata que os agricultores já exportavam o arroz, mas esta é a primeira vez em que os assentados participaram de todo o processo. No ano passado, conheceram a empresa Fazenda e Casa, de Santa Catarina, e desde então realizam a parceria. Os grãos de arroz saíram da Coopan, cooperativa do MST em Nova Santa Rita, e foram beneficiados e embalados na Coopat, a cooperativa dos assentados de Tapes. A empresa só ficou com a parte de comercialização.
Para os assentados, a exportação de arroz surge como mais uma alternativa econômica, como explica Nathaniel.
"Além de consolidar o mercado local é também tentar criar parcerias com empresas regionais e estaduais para tentar diversificar a comercialização. E é um pouco diferente de comercializar esse arroz com a Conab porque ela compra o arroz convencional e ecológico e mistura as duas qualidades, ela não diferencia as duas qualidades", afirma.
O projeto de produção de arroz ecológico do MST envolve 130 famílias de agricultores da região metropolitana. Na safra que está sendo concluída, foram produzidos cerca de 55 mil toneladas de arroz, em 680 hectares. O cultivo não utiliza nenhum tipo de agrotóxicos e também emprega a técnica da rizipiscicultura, que consorcia a produção de arroz com a criação de peixes. Como os animais fazem o trabalho de eliminar parasitas e plantas invasoras, não é preciso o uso de venenos.
Além de ser exportado, o arroz ecológico é vendido em feiras de agricultores em Porto Alegre e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal, atendendo escolas, hospitais e comunidades carentes. No entanto, os agricultores não pretendem consolidar a exportação, como conta Nathaniel.
"O objetivo a longo prazo não é consolidar a exportação e querer exportar mais e mais. O objetivo é consolidar o mercado regional e divulgar o produto, fazendo com que esse arroz agroecológico e saudável fique aqui no país, que a população realmente aproveite esse arroz aqui. Mas, por enquanto, para segurar uma renda e um retorno econômico desse arroz, estamos exportando", diz.
O próximo carregamento deve ocorrer no dia 29. Serão 80 toneladas de arroz.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 19/05/2007)