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IESB mata atlântica
2007-05-19
Em 1994, um grupo de ambientalistas, estudantes e pesquisadores se reuniu na Universidade Estadual de Santa Cruz, com o objetivo de discutir a questão ambiental no Sul da Bahia. Em meio a este debate, surgiu a idéia de criar uma organização local e não governamental com o objetivo de aglutinar e institucionalizar algumas das ações e projetos que já vinham em andamento, bem como o de apoiar e incentivar novos projetos e iniciativas voltadas para a conservação e desenvolvimento. Foi assim que, em julho do mesmo ano, foi criado o Instituto de Estudos Sócio Ambientais do Sul da Bahia, IESB.
 
Passados 13 anos, há registros de resultados significativos, como a ampliação das áreas particulares protegidas no estado e o estabelecimento de uma cadeia de produção agroflorestal orgânica, no Sul da Bahia. Mais importante: a trajetória e a forma de atuação do IESB fortaleceu a capacidade de intervenção da sociedade civil organizada junto aos formuladores das políticas públicas, ao incentivar e apoiar o surgimento de outras organizações, a exemplo da Preserva - Associação dos Proprietários de Reservas Particulares da Bahia e Sergipe. Contou ainda com o apoio à criação de organizações com foco na produção agrícola sustentável, como a Cabruca - Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Sul da Bahia. A atuação do instituto ao longo destes anos aconteceu de forma bastante ousada e inovadora, envolvendo tanto ações de pesquisa na área de Biologia da Conservação, quanto ações voltadas para o Desenvolvimento Rural. No amplo leque de ações e eixos temáticos desenvolvidos pelo IESB estas duas áreas se complementam, sendo bastante ilustrativo o fato de ambas terem obtido reconhecimento, através do Prêmio Bahia Ambiental, concedido pelo Governo do Estado, nos anos de 2003 e 2004.
 
Comemorando os 13 anos de criação, o instituto também recebeu o Prêmio Muriqui 2004, concedido pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em reconhecimento aos esforços orientados para a defesa deste bioma. O êxito da trajetória do IESB deve-se à conjunção de diversos aspectos, contudo, dois deles merecem ser destacados: a capacidade da sua equipe, sempre com uma formidável dedicação na condução das atividades e, de grande importância, a extensa rede de parceiros estabelecida ao longo dos anos.
 
Convidada para palestrar no Dia Internacional das Mulheres, no Centro de Recursos Ambientais, CRA, a bióloga Ana Cláudia Fandi, especialista em Educação Ambiental e pesquisadora do IESB, contou à Assessoria de Comunicação do CRA, sobre o trabalho com grupos de mulheres no Projeto Corredor Ecológico Una/Lontras, no Sul do Estado. E é a ele que vamos nos ater nessa entrevista para o Portal Seia.

- Como é o seu trabalho com o grupo de mulheres, no projeto Corredor Ecológico Una/ Lontras, no Sul do Estado?
Claudia Fandi – Nosso trabalho tem como principal objetivo envolver as mulheres nas questões sócio-ambientais da comunidade de forma pro ativa. Organizando-as no sentido de inseri-las na cadeia produtiva com atividades ambientalmente sustentáveis, trabalhando conjuntamente, em processos de desenvolvimento pessoal visando empoderá-las para desencadear atividades de educação ambiental construídos e coordenados por elas.

– E a escolha da área, como se chegou especificamente a este corredor? E ao chegar, como se diz na Bahia, no arrear das malas como foram as reações das mulheres, de desconfiança?
CF – O IESB vem concentrado seus esforços para contribuir com a implementação do Corredor Central da Mata Atlântica, a área onde estamos trabalhando, a região Una-Serra das Lontras, é fundamental para a consolidação deste Corredor. O projeto que desenvolvemos, que conta com apoio da União Européia e PDA Mata Atlântica, envolve ações relacionadas a áreas protegidas, monitoramento ambiental, agricultura orgânica, políticas públicas, além do envolvimento das mulheres. Em relação às mulheres, no início reagiram com desconfiança, depois com curiosidade em saber mais sobre o trabalho, agora reagem com bastante interesse pelo projeto. Temos expectativas de envolver mais mulheres no grupo. Esta ação que irei relatar acontece em uma comunidade denominada Família Unida, situada no Corredor Una-Lontras.

- Você falou que as melhores conversas, as trocas de idéias, acontecem na cozinha. Narre um pouco dessa experiência.
CF - Para iniciarmos o trabalho com as mulheres era necessário conhecer o cotidiano e a realidade na qual estão inseridas, bem como estabelecer uma relação de confiança com a equipe técnica. Então, percebemos que a cozinha era um excelente espaço de troca e de discussões, onde ficávamos a vontade para conversar sobre a vivência e experiência de cada uma. Esses momentos foram, e ainda são, extremamente relevantes para a construção das atividades que desenvolvemos nas oficinas para a formação do grupo e elaboração do plano de trabalho.
 
– Todo mundo reage às mudanças... Como foi para as mulheres incutirem nas cabeças dos seus maridos e companheiros as mudanças, ou seja, que elas teriam um tempo, delas, para aprenderem novas coisas, principalmente à educação ambiental?
CF – O trabalho na comunidade foi construído com os atores da própria comunidade, ou seja, partimos de um diagnóstico das relações sociais estabelecidas entre os comunitários e a partir deste diagnóstico construímos a nossa parceria. As ações estabelecidas foram desenhadas com base nas necessidades e interesses que o grupo levantou. Dentre as necessidades levantadas estava uma ação que envolvesse os jovens e as crianças, então, aproveitamos essa entrada e sugerimos o envolvimento das mulheres argumentando a importância e o papel fundamental que elas desenvolvem na educação dos filhos.  Desta forma, construímos uma relação de co-responsabilidade entre as ações desenvolvidas na comunidade com homens, mulheres, equipe técnica, o que facilita o entendimento do trabalho que as mulheres vem desenvolvendo.

- Como elas encaram as questões ambientais na Mata Atlântica?
CF- São sensíveis a questão ambiental, sentem que os impactos causados ao meio ambiente reflete diretamente na vida da comunidade. No entanto, é necessário o desenvolvimento de atividades que potencializem esses sentimentos e que estimulem ações coletivas e propositivas sobre a questão ambiental local. Com o desenvolvimento deste projeto na comunidade esperamos contribuir para a participação mais efetiva da mulher neste tema.

- Fala-se hoje muito em manejo sustentável de florestas. A retirada de madeiras nobres, das espécies que levam mais de 30 anos para se recompor, é uma prática ecologicamente correta, em sua opinião?
CF- Na Mata Atlântica, onde os remanescentes estão muito fragmentados e dispersos, o extrativismo madeireiro não faz mais sentido e nem encontra fundamentação técnica. Inclusive, hoje está proibido por determinação legal.

- Você falou dos painéis de interesse e de mudanças? Como foi ou está sendo o caminhar dessas ações? Os resultados estão dentro das expectativas?
CF – Para construir nossa parceria com as mulheres estamos realizando oficinas que tem como objetivo elaborar um plano de trabalho. Essas oficinas são divididas em três momentos, o primeiro é voltado para o despertar das fortalezas e fraquezas das mulheres, nesta parte são elaboradas atividades para o auto-conhecimento, reflexão e empoderamento - esse momento é extremamente importante para entender as habilidades e potencialidades do grupo. Os outros dois momentos são dedicados para delinear as ações que o grupo deseja desenvolver, para isso elaboramos dois painéis o primeiro contem os interesses que o grupo tem em estar trabalhando junto e o segundo as mudanças que desejam para a comunidade. Com os painéis já traçamos passos importantes para o trabalho, como contribuir com a geração de renda da família;
os objetivos do grupo que são:
* realizar ações para a melhoria da qualidade de vida da comunidade;
* envolver a escola e as professoras nas ações do grupo e continuar o trabalho de desenvolvimento pessoal.

Definimos também três ações iniciais para atingir os objetivos, são elas:
* a construção de uma horta comunitária e orgânica;
* a confecção de sabão caseiro para venda e consumo e,
* a implementação de um viveiro de mudas para a recuperação de áreas degradadas.

As oficinas proporcionam que a ação seja coerente com as possibilidades de execução do grupo, com isso esperamos que os resultados sejam mais concretos. Nesses momentos aproveitamos para discutir que tenham sustentabilidade aspectos organizativos do grupo, fundamentais para a continuidade do trabalho. As atividades definidas pelas mulheres têm acompanhamento da equipe do IESB. Alguns cursos de capacitação já foram ministrados na comunidade, como adubação orgânica, hortas comunitárias, manejo do cacau e clonagem do cacau. Outros temas serão trabalhados a partir das necessidades que foram levantadas no diagnóstico inicial feito na comunidade.

- Como foi envolver a escola e consequentemente, os filhos, nesse projeto?
CF- Envolver a escola no trabalho é um dos objetivos definidos pelas mulheres, existe uma grande preocupação do grupo em estimular o tema meio ambiente nas aulas. Essa ação está bem no inicio, mas algumas atividades já estão sendo executadas como, palestras sobre biodiversidade local ministrada por pesquisadores do IESB que atuam na região. Outra atividade que as mulheres estão construindo é a implementação de um Viveiro de mudas nativas para recuperar as áreas de proteção permanente da comunidade que pretendem desenvolver em parceria com a escola.

- O que você já pode apontar como resultados?
CF - O trabalho com as mulheres tem despertado o interesse para a produção orgânica, que além de contribuir com a conservação do meio ambiente contribui com a saúde dos agricultores. As mulheres já estão comercializando os produtos da horta, que além de enriquecerem a alimentação da família tem contribuído com a renda uma vez que deixam de comprar os produtos, já que cultivam na horta. O mesmo acontece com a produção do sabão caseiro. Com o desenvolvimento do trabalho estamos discutindo e contribuindo para a averbação da Reserva Legal das fazendas onde atuamos, o que para a conservação dos remanescentes de Mata e conexão dos fragmentos é fundamental.

(Por Nadya Argôlo, SEIA/BA, 18/05/2007)

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