Um projeto de educação ambiental desenvolvido em Alta Floresta (803 quilômetros ao norte de Cuiabá) recebeu na semana passada, na Inglaterra, o mais importante prêmio europeu para iniciativas de conservação da biodiversidade. Trata-se da Escola da Amazônia, iniciativa da Fundação Ecológica Cristalino que já levou centenas de pessoas – jovens estudantes, em sua maioria – a testemunhar as belezas e a fragilidade da região que concentra a maior biodiversidade da Amazônia.

O trabalho é coordenado pelo biólogo Silvio Marchini, que foi pessoalmente a Londres receber o prêmio Whitley, concedido por um fundo britânico que apóia e anualmente premia iniciativas de conservação ambiental pelo mundo. “A Escola da Amazônia junta todos os elementos esperados pelo comitê avaliador do Whitley: conservação baseada em ciência, participação comunitária e educação”, comentou Marchini, em entrevista por e-mail ao Diário.

O comitê avaliador é formado por representantes do fundo, da ong WWF no Reino Unido e do banco HSBC, o principal patrocinador. O Escola da Amazônia, por indicação da Universidade de Oxford, concorreu com outros 88 projetos de todo o mundo e foi um dos nove escolhidos para receber troféu e mais 10 mil libras esterlinas – o equivalente a R$ 38 mil. O biólogo recebeu seu prêmio das mãos da Princesa Anne, filha da Rainha Elizabeth II. “A indicação trouxe a satisfação de saber que estamos no caminho certo”, apontou o biólogo, que ouviu palavras de incentivo da princesa. “Ela reconheceu que temos um trabalho difícil pela frente e disse esperar que o prêmio nos ajude”.

Do dinheiro recebido, o biólogo diz que metade será usada no fortalecimento de um dos mais interessantes componente do projeto, o programa Escolas Irmãs, que promove uma parceria entre duas escolas, uma local, outra visitante. Isso abrange desde o financiamento de publicações didáticas à doação de livros da escola visitante – em geral, de centros urbanos fora da Amazônia – para escolas rurais dos municípios de Alta Floresta ou Novo Mundo.

“Vamos convidar professores e diretores de novas escolas e cobrir suas despesas de transporte, acomodação e alimentação. Esperamos com isso aumentar o número de escolas participantes no programa, o que é fundamental para atingirmos a sustentabilidade financeira”. Segundo ele, um dos objetivos é levar os jovens de regiões distantes a descobrir a Amazônia. “Uma das causas dos problemas é que mais de 80% dos brasileiros vivem longe demais da Amazônia para se importar com ela”.

A outra metade do prêmio irá viabilizar um novo programa que pretende incluir as atividades da Escola da Amazônia na grade curricular das escolas rurais localizadas no entorno do Parque Estadual do Cristalino. “A educação é ainda mais importante em uma região como a fronteira agrícola da Amazônia, onde as pessoas chegaram há pouco tempo, não mais que 30 anos. Essa falta de familiaridade, somada à falta de interesse pela floresta, responde por parte da causa dos problemas ambientais na região”.
(Por Rodrigo vargas, Diário de Cuiabá, 19/05/2007)