O negociador-chefe do governo americano para o Meio Ambiente, Harlan Watson, disse à BBC que os Estados Unidos não devem participar das negociações para um acordo global que estabeleça o corte da emissão de gases de efeito estufa.
Watson participou de uma conferência realizada pela ONU em Bonn, na Alemanha. O objetivo da reunião era preparar o terreno para um possível acordo sobre metas de combate ao aquecimento global que será discutido em um encontro em Bali, em dezembro.
O negociador americano afirma, no entanto, que ainda não é a hora certa para um sucessor do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas para diminuição de emissão de dióxido de carbono e é válido até 2012. "Muita coisa está acontecendo. Mas, certamente, eu não gostaria de aumentar de forma alguma as expectativas de que vai ocorrer algum tipo de nova negociação sob a moldura da própria convenção", disse. O governo americano faz objeção às metas da proposta de limitar o aumento da temperatura global neste século em 2º C e cortar pela metade, até 2050, as emissões de gases que causam o efeito estufa.
Reunião
O encontro em Bonn reuniu delegados de 166 países por quase duas semanas para tentar decidir uma pauta para a reunião que deve ocorrer na Indonésia. Espera-se que a reunião em dezembro sirva para a elaboração de um documento que funcione como uma espécie de sucessor do Protocolo de Kyoto. Críticos afirmam que o Protocolo de Kyoto não funcionou porque não foi capaz de contar com a adesão dos Estados Unidos.
Apesar de o protocolo expirar apenas em 2012, especialistas acreditam que, devido à lentidão das negociações, os negociadores vão precisar de todo o tempo que tiverem para chegar a um novo tratado. Ainda havia esperança de que os Estados Unidos pudessem ser convencidos a fazer parte do protocolo, mas, de acordo com Matt McGrath, correspondente da BBC na conferência em Bonn, parece não haver uma chance de que isso aconteça.
O negociador-chefe americano disse que as negociações para substituir Kyoto simplesmente não vão ocorrer em Bali, apesar da negociação de vários outros aspectos "positivos" para o meio ambiente. "Certamente, não é algo que acredito ser a hora certa para negociar. Também acredito que onde os países em desenvolvimento estão... eles se sentem confortáveis, negociando dentro do Protocolo de Kyoto em que eles não têm nenhuma nova obrigação", disse Watson.
(BBC, 18/05/2007)