A ONU estuda recompensar a luta contra o desmatamento com um mecanismo similar ao aplicado aos direitos de emissão de CO2, anunciou o diretor de Ordenação Florestal da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o chileno José Antonio Prado. Prado, que esta semana participou em Sevilha (sul da Espanha) da IV Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais, explicou em entrevista que grupos científicos da convenção contra a mudança climática já trabalham no novo procedimento, denominado "desmatamento evitado".
O dirigente da FAO explicou que o Protocolo de Kyoto estabelece os denominados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, que permitem às empresas descontar de suas emissões de CO2 os investimentos em energias renováveis realizados em países em desenvolvimento. De forma similar, o desmatamento evitado compensaria economicamente as atuações em reflorestamento em função do volume de CO2 que a vegetação protegida fixa da atmosfera. Prado lembrou que a cada ano são perdidos 7,8 milhões de hectares de coberta vegetal (4 milhões por incêndios) no planeta, já que os 5,6 milhões de hectares replantados não cobrem os 13,4 milhões de hectares desflorestados.
O representante da FAO considerou evidente que os incêndios "geram uma quantidade enorme de CO2", que aumentam a mudança climática. Isto ocasiona "variações no clima que aumentam as primaveras em algumas regiões, causando mais incêndios mais devastadores". Lembrou que a FAO trabalha há anos para que todos os países assumam compromissos na luta contra os incêndios florestais e apliquem os critérios de gestão do fogo do organismo. Prado acredita que a ameaça global da mudança climática intensificará a cooperação com os países em desenvolvimento, pois a queima de florestas tropicais, por exemplo, repercute no aquecimento de todo o planeta.
Segundo disse, esta cooperação é "muito importante" porque alguns países que produzem grandes incêndios "não têm capacidade para enfrentar este problema". "Para a FAO, os incêndios florestais constituem um assunto prioritário há muitos anos, não só por seu tremendo impacto ambiental, mas também pelo social, já que põem em risco o meio de subsistência de muita gente", disse.
(EFE, 18/05/2007)