O estudo foi conduzido por Arief Anshory Yusuf da Padjadjaran University na Indonésia e apresentado durante o 27° workshop anual do Programa Econômico e Ambiental para o Sudeste Asiático, em Beijing, China. O imposto de carbono (termo utilizado para a imposição de taxas sobre o consumo energético) tem sido considerada uma maneira efetiva para reduzir o consumo energético e as emissões de dióxido de carbono (CO2).
Estudos anteriores sugeriam que ao aumentar o preço da energia, os impostos de carbono poderiam prejudicar mais os pobres do que os ricos, já que os primeiros gastam uma porção maior da sua renda com combustíveis. Mas o novo estudo, baseado em características da Indonésia, demonstra que em relação ao consumo energético, o impacto sobre os pobres de áreas rurais seria muito menos do que sobre as cidades mais ricas, já que comparativamente, os pobres utilizam menos energia.
Os pobres poderiam até se beneficiar. Preços crescentes significam que fazendeiros de pequena escala (que equivalem a grande maioria dos pobres da Indonésia, e utilizam pouco maquinário) poderiam competir melhor com os grandes fazendeiros, que dependem de maquinário pesado com alto consumo energético. O estudo revela que o PBI da Indonésia poderia ser colocado em risco, porém os ganhos vindos do imposto poderiam ser recolocados na sociedade, com a redução dos aplicados sobre commodities por exemplo.
E apesar do imposto de carbono ter um impacto sobre o setor industrial que consome muita energia, segundo ele, a economia não seria muito prejudicada, já que a taxa poderia incentivar o uso de tecnologias para eficiência energética. Yusuf disse que o estudo tem “implicações importantes, ajudando os países no desenvolvimento de políticas que incentivem a redução das emissões.”
Nancy Olewiler, diretora do programa de políticas públicas da Universidade Simon Fraser, sediada no Canadá, disse que o estudo foi importante para revelar a harmonia entre o bem-estar social e os objetivos ambientais dos países em desenvolvimento. “O estudo demonstra que quanto mais tarde adotarmos ações (contra o consumo pesado de energia), pior será a nossa situação, ao passo que os países dependem cada vez mais da utilização massiva de energia,” disse ela ao Scidev.net. A diretora afirma que mais estudos são necessários nos países em desenvolvimento para expandir as aplicações deste estudo.
(Por Jia Hepeng, Scidev.net. Traduzido por Fernanda Müller,
CarbonoBrasil, 18/05/2007)