Cerca de um terço das empresas não tem como monitorar suas próprias emissões de dióxido de carbono (CO2) ou as emissões indiretas da cadeia fornecedora. Para piorar a situação, nem ao menos têm planos de como o fazê-lo, revelou uma pesquisa realizada com executivos de todo o mundo pela Economist Intelligence Unit, do grupo Economist Business.
A pesquisa “A Change in the Climate” (algo como ‘uma mudança no clima’) perguntou a 634 executivos na indústria manufatureira e de serviços de todo o mundo o que estão fazendo ou planejando fazer com relação a suas emissões de CO2 em um futuro próximo.
Apenas uma em dez das empresas pesquisadas diz monitorar o impacto do CO2 nos seus negócios. Um quarto delas contabiliza alguma parte ou todas as emissões em parte das operações e 18% simplesmente mede a eficiência energética. Um terço das empresas, mais precisamente 32%, diz não monitorar e nem ter planos para fazê-lo no futuro próximo.
Quem está no final da lista com o pior desempenho são as norte-americanas - apenas 7% prestam atenção na pegada de carbono e 41% não monitoram nem tem planos para iniciar um programa. Na Europa, 28% das empresas contabilizam as emissões. Apesar das más notícias, nem tudo está perdido. A pesquisa achou sinais de progresso ao redor do mundo. Entre as companhias que não monitoram o que emitem, mais de um quarto ou 28% dizem que pretendem desenvolver um programa em 2010.
Apesar de o público já ter largamente expressado as preocupações com o aquecimento global e 37% das empresas pesquisadas afirmarem receber créditos por agirem, mais da metade das companhias – 56% - dizem que as políticas climáticas não tem efeito no comportamento dos consumidores. A pesquisa sugere que os líderes ainda reagem a potenciais ameaças a sua reputação ou negócios ao tomar as ações ao invés de explorar oportunidades positivas para a empresa.
Mais uma vez foi revelado que não custa muito agir. As empresas gastam apenas 6% do orçamento nesta área e 55% dos executivos esperam que em 2010 os esforços não custem nada ou até mesmo adicionem valor. No entanto, sem uma direção clara do governo, esta boa chance de fazer progresso ainda está longe. “Apesar de relativamente poucas empresas estarem agindo para reduzir os impactos do CO2 hoje, é interessante ver que os empresários querem ações mais claras do governo sobre o assunto”, disse o editor da pesquisa, James Watson. “Eles não vêem a redução de CO2 como um grande custo, mas eles querem saber o quão mais rápido devem ir.”
O documento enfatiza ainda mais a necessidade do trabalho do governo em parceria com o empresarial para garantir os incentivos corretos para manter uma posição competitiva ao mesmo tempo em que as mudanças climáticas sejam atacadas, segundo o chefe executivo da UK Trade&Investment, Andrew Cahn. Os entrevistados foram claros em afirmar que a regulamentação governamental é o principal determinante de como as companhias encaram as questões climáticas.
O relatório citou Matthew Gordon, o gerente do grupo de sustentabilidade da BAA, uma operadora de aeroportos do Reino Unido. “Os governos tendem a se sentirem limitados nas suas habilidades para introduzir novas políticas para redução de emissões porque temem que os negócios resistam, enquanto que as companhias estão impedidas de investir em soluções de baixo carbono em escala por falta de medidas a longo prazo.”
(Traduzido por Paula Scheidt,
CarbonoBrasil com informações do GreenBiz, 18/05/2007)