Ivo Almeida Costa, assessor de gabinete do Ministério de Minas e Energia, foi um dos presos nessa quinta-feira (17/05) em operação deflagrada pela Polícia Federal em todo o país. A Operação Navalha, como foi chamada, já prendeu mais de 40 pessoas em nove estados brasileiros, todas envolvidas na fraude de licitações e desvio de recursos públicos federais, estaduais e municipais destinados a obras de infra-estrutura.
O assessor do MME foi preso pela Polícia Federal na manhã dessa quinta-feira em Brasília sob a acusação de ser um dos intermediários entre a construtora que comandava o esquema e as autoridades públicas federais no tráfico de influências durante o processo de concorrência e para a liberação de recursos.
Ivo Almeida foi funcionário da Eletronorte, antes de integrar o gabinete do ministro Silas Rondeau. Sua experiência no setor energético, e especialmente em grandes obras na Amazônia - como indicam estudos assinados por ele, lhe valeram a posição de representante do ministério em negociações dos projetos de integração energética regional, dentre os quais o Complexo de Usinas do Rio Madeira. Ivo Almeida acompanhou o ministro Silas Rondeau a uma visita a Rússia, onde conheceram a tecnologia das turbinas do tipo "bulbo" recomendadas para as usinas do Madeira.
O esquema de desvio de recursos era coordenado pela construtora baiana Gautama. Através de "vantagens indevidas" a seus intermediários (posição que Ivo Almeida é acusado de desempenhar), a construtora conseguia o apoio de autoridades públicas para garantir a vitória da empresa em licitações e a liberação superfaturada de pagamentos. Desde as 6 horas da manhã dessa quinta-feira a Polícia Federal está colocando em prática cerca 40 mandados de prisão dos envolvidos e mais de 80 mandados de busca e apreensão para o processo.
A investigação sobre a quadrilha vinha sendo feita através de uma cooperação entre a Diretoria de Inteligência da Polícia Federal e a Inteligência da Controladoria Geral da União. Segundo os informes da polícia, a quadrilha teria desviado recursos federais de obras dos Ministérios de Minas e Energia, Integração Nacional, Cidades e Planejamento, e também do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit). Seguindo a mesma lógica, o esquema também desviou recursos estaduais em Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, São Paulo e no Distrito Federal. A construtora também teria se beneficiado de recursos municipais na cidade de Camaçari (BA).
(Por Mariane Gusan,
Amazonia.org.br, 17/05/2007)