A variedade de milho transgênico - a Libertlink, da Bayer - aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deverá reduzir o custo de produção das lavouras em até 20%. A cultivar é resistente ao glufosinato de amônio, herbicida utilizado no controle de plantas daninhas, e requer somente metade das aplicações do produto. Além disso, a sua utilização traria vantagens até mesmo ao meio ambiente, uma vez que os agricultores fariam menos passagens de trator para aplicação de herbicidas, reduzindo a utilização de óleo diesel e, consequentemente, a emissão de gás carbônico na atmosfera. Conforme a Bayer, empresa detentora da patente, a produtividade aumenta entre 5% e 10% com relação às lavouras convencionais.
Segundo o professor titular de Genética Vegetal da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq), Ernesto Paterniani, atualmente os agricultores utilizam um ''coquetel'' de herbicidas nas lavouras que varia conforme o grau da infestação. Com o plantio da soja transgênica seria necessário utilizar apenas o glufosinato. Além disso, esta variedade dispensa a aplicação pré-plantio, necessária em lavouras convencionais. ''Depois da germinação da planta o agricultor vai precisar aplicar o herbicida apenas uma ou duas vezes, dependendo do grau de infestação'', explica.
Em lavouras convencionais, a quantidade de aplicações de herbicidas aumenta para três ou quatro. ''Essa variedade (aprovada pela CTNBio) é plantada há dez anos no mundo todo e está comprovado que não causa nenhum dano à saúde ou ao meio-ambiente, pelo contrário, até beneficia o meio ambiente'', salienta o professor.
Na avaliação da diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer, engenheira agrônoma doutora em Genética, uma das principais vantagens da cultivar geneticamente modificada é oferecer uma alternativa aos produtores.
"É uma opção a mais, com custo de produção mais baixo e uma tecnologia nova", observa Alda. Segundo ela, a variedade não chega a aumentar a produtividade da planta, mas reduz as perdas da lavouras. ''Geralmente o mato cresce mais rápido do que o milho e, assim, há competição por água, nutrientes e sol e, em muitos casos, o milho acaba não se desenvolvendo'', explica. Alda acrescenta que nos países que utilizam a variedade há ganhos entre 5% e 20% maiores do que os das lavouras convencionais.
Comércio - A diretora executiva da CIB ainda diz que essa variedade de milho já é plantada e comercializada em praticamente todo o mundo. ''Inclusive essa variedade já está sendo substituída por outras que têm genes combinados'', comenta. A estimativa é que no próximo ano, quando a cultivar deverá estar disponível para plantio, a variedade seja plantada em cerca de 10% do total da área destinada ao milho. ''Isso vai acontecer porque poderá faltar sementes e muitos agricultores também deverão testar em apenas uma parte da propriedade'', informa.
(Por Fernanda Mazzini,
Folha de Londrina, 18/05/2007)