João Pedro Stédile disse ontem (17/05) que a ocupação da Fazenda Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (24 km ao Sul de Cascavel), é modelo para o Brasil. De acordo com ele, houve ousadia e ''radicalidade'' pelos integrantes da Via Campesina e do MST -que resolveram proteger uma área que fica ao lado de uma das maiores reservas florestais do Sul do Brasil. ''Ela estava produzindo milho transgênico ilegalmente. Menos de quatro quilômetros das reservas florestais. Ocupamos e derrotamos a transnacional. A ilegalidade é uma afronta para o futuro da agricultura brasileira. E a ocupação só foi possível com a união de forças entre os camponeses e o governo do Paraná'', considerou.
O entrave, segundo ele, permanece sendo o Poder Judiciário. A juíza da 4 Vara da Fazenda Pública determinou a desocupação da estação de pesquisas da empresa e estipulou multa diária de R$ 50 mil caso a medida de reintegração de posse não fosse cumprida. ''O MST pode até deixar a fazenda, mas voltará. Nós iremos nos mobilizar sempre, não tenha dúvidas'', disse Stédile.
Para ele, o Poder Judiciário encaminha decisões de acordo com seus próprios interesses. ''A desapropriação da terra da Syngenta ocorrerá. Mesmo que nas últimas instâncias. Tenho certeza que prevalecerá o bom senso. O que ocorre hoje é uma afronta à lei. Não é possível que a empresa produza transgênico à beira de reserva nativa e fique tudo por isso mesmo'', considerou. A Fazenda Syngenta foi invadida no ano passado.
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Folha de Londrina, 18/05/2007)