A Petrobras Distribuidora (BR) e a Companhia Vale do Rio Doce firmaram acordo acordo nesta quinta-feira (17/05) que prevê o fornecimento, até dezembro, de cerca de 33 mil metros cúbicos mensais de biodiesel (B20) para abastecimento das locomotivas da mineradora. Com esse contrato, a Vale será a maior consumidora de biodiesel do país e a primeira a usar o B20 – mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel comum.
As locomotivas operam na Estrada de Ferro Carajás (EFC) e na Estrada de Ferro Vitória-Minas, envolvendo uma malha com mais de 2 mil quilômetros de extensão.
Aliada ao B2 (mistura de 2% de biodiesel com 98% de diesel comum e que já vem sendo utilizado desde janeiro na frota e na geração elétrica da Vale), a adoção do B20 reduzirá em 224 mil toneladas a emissão de gás carbônico na atmosfera. Esse volume é equivalente à emissão de uma cidade não-industrial com 27 mil habitantes.
Para a presidente da Petrobras Distribuidora, Maria das Graças Foster, "o biodiesel já é uma realidade na matriz energética brasileira, comprovada com a assinatura desse contrato". Ela lembrou que a BR opera com biodiesel em 55 de suas 64 bases de distribuição e "até o final de julho, quando todas estiverem operando a mistura, todo o diesel comercializado pela BR será B2 – uma antecipação da determinação de adição do biodiesel ao diesel mineral a partir de janeiro de 2008".
Ela destacou ainda que "para absorver com reflorestamento o volume de gás carbônico emitido, seria necessário plantar anualmente uma área equivalente a 369 estádios do Maracanã".
O contrato com a Vale, no valor de R$ 11 bilhões, tem duração de cinco anos, com opção de renovação por mais dois anos. Prevê o fornecimento de 9 milhões de metros cúbicos por dia de combustíveis – dos quais 1,060 milhão de óleo diesel, aí incluído o volume necessário de biodiesel para o atendimento às misturas do B2 e do B20.
O diretor-executivo de Logística da Vale, Eduardo Bartolomeu, afirmou que a decisão da empresa de utilizar o biodiesel "teve motivação ambiental e de preocupação com a questão do aquecimento global a partir do efeito estufa". Segundo ele, não há benefícios econômicos com a decisão, embora a companhia tenha investido cerca de R$ 2 milhões na fase de realização dos testes necessários para determinar o percentual ideal de biodiesel a ser adicionado ao diesel comum.
Informações da Vale do Rio Doce apontam que o uso do biodiesel pela empresa poderá gerar empregos para até 80,5 mil famílias por ano no campo – caso a cultura na produção seja a mamona. Os testes de viabilidade de utilização do B20 por parte da Vale do Rio Doce foram feitos com o consentimento prévio da Agencia Nacional do Petróleo.
Entre os 3.300 clientes da BR, a Vale do Rio Doce é responsável pela compra do maior volume de combustíveis - entre óleo diesel, óleo combustível e gasolina. A BR atende a 80 pontos de abastecimento da Vale em todo o país, nos segmentos de mineração, siderurgia e logística. Para levar viabilizar o contrato, a BR está investindo na adaptação de algumas de suas instalações, a fim de dotá-las de infra-estrutura para receber, armazenar e distribuir o B20.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 17/05/2007)