Em debate em Curitiba, movimentos de trabalhadores rurais condenaram o incentivo à produção de biocombustíveis e atacaram o presidente Lula pela lentidão da reforma agrária.
João Pedro Stedile, do MST, disse que o movimento será obrigado a mudar radicalmente as formas de pressão: "Agora o nosso inimigo aumentou. Não é mais o fazendeiro, o pecuarista atrasado", mas as grandes empresas ligadas a biocombustíveis.
As invasões a fazendas improdutivas vão prosseguir por uma mera questão de "sobrevivência" do MST: "Se o inimigo é mais forte, temos de aumentar a nossa organização. Aumentar o nosso número de tanques, e não aumentar a radicalidade do discurso".
Mediado pelo advogado e economista Plínio de Arruda Sampaio, presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), o encontro (que reuniu representantes de MST, Contag, MLST, Fetraf-Sul e Feraesp) teve como focos a cobrança a Lula para que atualize os índices de produtividade na desapropriação de terras e ataques aos biocombustíveis.
"Se continuar com esse modelo, vamos acabar com a agricultura familiar", disse Alberto Broch, da Contag. "Não vamos dar carta de aptidão a colono nenhum pra legitimar a exploração dos agricultores pelas multinacionais", afirmou Marcos Rochinski, da Fetraf-Sul.
(Por Eduardo Scolese,
Folha de São Paulo, 18/05/2007)