O "boom" na produção de etanol pode ajudar a reduzir a dependência dos EUA em relação ao petróleo estrangeiro, mas já fez a conta do supermercado do norte-americano médio subir 47 dólares desde julho, segundo um estudo da Universidade Estadual de Iowa.
O etanol dos EUA é produzido principalmente de milho, que é uma importante matéria-prima para a ração de frangos, porcos e bois. Por causa disso, o preço da carne e dos ovos deve subir, segundo o estudo do Centro para o Desenvolvimento Agrícola e Rural, que foi parcialmente financiado pelo setor da criação animal e divulgado em 11 de maio.
"Vamos acabar pagando mais pela comida domesticamente porque temos uma política de etanol que basicamente está atando o preço do milho, da ração e da comida resultante ao preço do petróleo importado", disse J. Patrick Boyle, executivo-chefe do Instituto Americano da Carne, uma das entidades que financiaram o estudo.
O setor realizou uma teleconferência com jornalistas para chamar a atenção para o impacto do etanol sobre os alimentos; "A segurança energética é uma meta admirável, mas seus benefícios do etanol devem ser pesados em relação a suas consequências", acrescentou.
O aumento na produção do etanol no último ano já fez o preço dos alimentos subirem 47 dólares por pessoa, ou 1,3 por cento no preço de uma cesta de produtos consumidos tipicamente ao longo de um ano, segundo o estudo, que atribui isso à alta do milho.
Em fevereiro, o milho atingiu seu maior valor em uma década no mercado futuro de Chicago, cotado a 4,3725 dólares por saca, o que levou os produtores dos EUA a plantarem uma safra recorde, segundo o Departamento de Agricultura. Então, com o mercado antecipando uma enorme colheita neste ano, o preço do milho caiu a 3,73 dólares por saca.
Em 2006, as usinas de álcool dos EUA produziram 18,55 bilhões de litros em 2006. No ano fiscal que começa em 1o de setembro, as usinas devem usar 27 por cento da safra de milho dos EUA para produzir 35,2 bilhões de litros de álcool, segundo o governo.
Se a produção de etanol atingir 113,6 bilhões de litros até 2012, os preços dos alimentos terão aumentado em 67 dólares per capita por ano, ou 1,8 por cento, segundo o estudo. A carne subiria entre 7 e 8,5 por cento, os ovos teriam aumento de 13,5 por cento, e o milho poderia atingir 4,43 dólares por saca.
Empresas de biotecnologia estão empenhadas em aumentar a produtividade do milho. O estudo diz que uma maior produtividade do milho poderia limitar o aumento nos preços dos alimentos se a produção de etanol atingir 56,8 bilhões de litros anuais até 2010.
O estudo projeta que, nesse cenário, o preço do milho iria a no máximo 3,43 dólares por saca em 2009, antes de se estabilizar em 3,16 até 2016. A produção de etanol nesse nível equivaleria a aproximadamente 10 por cento do consumo de gasolina nos EUA.
O estudo está disponível, em inglês, aqui.
(Por Lisa Haarlander, Reuters, 17/05/2007)