Três integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado - os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Pedro Simon (PMDB-RS) - vão analisar, nas próximas semanas, a situação política da Bolívia. O grupo foi criado pelo presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), depois de Cristovam alertar para o risco de uma guerra de secessão no país vizinho.
Cristovam registrou que movimentos políticos do Sul da Bolívia, onde estão localizadas as grandes reservas de gás natural do país, têm ameaçado declarar a independência da região se a futura Constituição, atualmente em debate, não aceitar as suas reivindicações de autonomia. Já correm boatos na região, de acordo com o senador, de que 15 mil homens armados estariam prontos para enfrentar o governo central boliviano.
- O Brasil tem de se preocupar com isso. Caso ocorra um conflito, poderá haver uma intervenção da Venezuela em apoio ao governo central, pelo Norte, e uma intervenção dos Estados Unidos pela parte Sul - alertou Cristovam.
Cristovam sugeriu a viagem à Bolívia de um grupo de senadores, para obter informações dos dois lados a respeito da situação do país. A sugestão foi prontamente aceita pelo presidente da CRE, que indicou Crivella e Simon para acompanharem Cristovam. Antes de seguirem para a Bolívia, porém, os senadores deverão conversar com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por iniciativa de Simon.
Na opinião de Cristovam, a possível eclosão de um conflito interno na Bolívia poderia estender-se a outros países da região, gerando um processo que chamou de "balcanização" - em uma referência aos conflitos ocorridos na década de 90 no sul da Europa, após a desintegração da antiga Iugoslávia. A seu ver, a região sul do Peru poderá solidarizar-se com o Norte da Bolívia pela proximidade étnica das populações de origem indígena que ocupam as duas regiões.
(Por Marcos Magalhães, Agência Senado, 17/05/2007)