Um projeto desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) da USP criou um novo veículo movido por tração humana para transporte de materiais recicláveis. O carrinho de mão, projetado pelo engenheiro mecânico Rafael Antonio Bruno em seu trabalho de formatura, agrega itens de segurança e foi desenhado para reduzir o esforço físico dos catadores de sucatas que trabalham nas ruas das grandes cidades.
O veículo possui 3 metros de comprimento por 1,5 m de altura, e 1,60m de altura. “Ele possui três rodas, sendo duas de motocicleta na traseira e um rodízio na parte dianteira, que serve para manter o equilíbrio do veículo”, conta Bruno. “A terceira roda elimina o esforço vertical que o condutor precisa aplicar para manter o carro alinhado”.
O compartimento de carga foi construído com uma estrutura de aço carbono, com capacidade máxima de 500 quilos. A tração é feita por uma barra horizontal e o amortecimento com coxins utilizados em motores de automóveis”, conta o engenheiro. “O veículo utiliza freios de motocicleta, pois um dos objetivos do trabalho era usar componentes já disponíveis comercialmente, para não aumentar os custos de produção”.
O carrinho é equipado com espelhos retrovisores, adesivos reflexivos e pisca-alerta. “Esses itens servem para aumentar a visibilidade do veículo para o condutor e também para os motoristas nas ruas, reduzindo o risco de acidentes”, ressalta o professor da Poli, Marcelo Massarani, orientador do trabalho.
TestesO protótipo do veículo passou por testes de carga (resistência), de estabilidade, eficiência do sistema de freio, esforço de tração, além de ter sido testado pelos próprios catadores. “Os testes mostraram que o peso do carrinho deve ser reduzido em cerca de 10%”, aponta Bruno.
O custo do protótipo foi de R$ 1,1 mil. “Não houve reaproveitamento de materiais e 45% do valor total foram investidos em elementos estruturais, como ferragens, assoalho e a estrutura tubular”, afirma Bruno. “Os custos de produção, especialmente na parte estrutural, poderão ser reduzidos sem comprometer a robustez com que o veículo foi projetado”.
O professor Massarani destaca que a idéia do trabalho partiu do programa POLI Cidadã, que incentiva alunos de graduação a desenvolver projetos de formatura com ênfase social. “Muitas pessoas tem na coleta de materiais recicláveis pelas ruas a única fonte de renda, mas sua atividade não é regulamentada”, diz. “O objetivo do projeto era fazer um veículo facilmente fabricável, com padrões de segurança, e que pudesse ser feito nas próprias cooperativas de catadores”.
Os dados para o projeto basearam-se em pesquisa com os recicladores e levantamento de dados junto a duas cooperativas de catadores e uma empresa que comercializa aparas de papel. O engenheiro espera encontrar empresas ou ONGs interessadas em colaborar na fabricação em série do veículo projetado.
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Estado de Minas, 16/05/2007)