No retorno à liberdade após ficar 12 dias preso na Polícia Federal (PF), o vereador Juarez Silveira foi ontem (16/05) à Camara de Vereadores da Capital e decidiu pedir afastamento da função pública. O político apontado como o suposto chefe de ilegalidades na concessão de licenças ambientais descobertas pela Operação Moeda Verde, em Florianópolis, alegou problemas de saúde. “Vou cuidar da saúde e da família”, disse, nos corredores do Legislativo.
Por pouco, ele não se encontrou casualmente com a delegada federal responsável pelas investigações, Julia Vergara. Acompanhada de um agente a policial fez novas buscas na Câmara. A PF apreendeu documentos públicos originais que obrigatoriamente ficam na casa. O vereador permaneceu poucas horas no local. Encontrou primeiro com o presidente, vereador Ptolomeu Bittencourt (DEM), e passou no gabinete para cumprimentar assessores. Na semana que vem, uma CPI será oficializada na Câmara.
Também ontem, o juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, determinou a a abertura de inquérito policial para apurar o vazamento de informações sigilosas referentes à Operação, divulgadas pela imprensa. A decisão foi proferida depois que a defesa de Juarez Silveira e de Renato Juceli de Souza comunicou ao magistrado a difusão, por meio de emissoras de TV e rádio, de trechos de gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça. Essas informações estão sob sigilo judicial.
Na decisão, o magistrado negou o pedido da defesa do vereador Juarez, que pediu a proibição de da divulgação de trechos de gravações telefônicas.
Entrevista: Juarez Silveira - Vereador afastado
A Notícia – Qual foi o assunto dessa reunião que o senhor teve com a presidência da câmara?
Juarez Silveira – Eu vim aqui fazer um relato para eles pedindo inclusive o meu afastamento. vou pegar uma licença para fazer o meu tratamento médico. É só isso o que eu vou fazer: tratamento médico e seguir a minha vida.
AN– Antes de tratar da sua defesa o senhor vai cuidar da saúde antes. É isso?
Juarez – Acho mais importante saúde e família, né? é isso o que eu vou cuidar primeiro.
AN– O que o senhor tem a dizer aos seus eleitores diante dessas denúncias da operação moeda verde?
Juarez – Primeiro eu vou te dizer que eu vou aguardar o relatório total das apurações. Os meus eleitores me conhecem, entendeu? as pessoas me conhecem. Durante muitos anos, sabem como é o meu comportamento, o meu trabalho, às vezes emocional, mas sempre com muito carinho, muito respeito e muita gratidão.
AN – Como vai ser a sua defesa?
Juarez – Defesa de quê?
AN – Desse processo da Polícia Federal.
Juarez – Eu não conheço nenhum processo.
AN – Mas a polícia afirma que existia um esquema de vendas de licenças ambientais.
Juarez – Eu te falo o seguinte: vai até a diretoria legislativa e você vê o que eu aprovei de projetos nos últimos anos na Câmara.
AN – O senhor não acha que esse é o momento de se defender?
Juarez – Eu não tenho o que falar. Você tem o direito de ir no Legislativo e ver a porção de projetos que eu aprovei. É só isso. Eu cuidei nesses últimos dois anos só do governo Dário Berger (PSDB).
AN – Quando a polícia fala que existia um esquema para beneficiar empreendimentos e que o senhor usaria de tráfico de influência para esses projetos serem aprovados?
Juarez – Eu desconheço isso. Eu quero dizer o seguinte: eu não vou falar nada agora.
AN – É estratégia de defesa?
Juarez – Não é tática de nada. Primeiro a saúde e família. Segundo, eu não conheço nada do processo.
(Por Diogo Vargas,
A Notícia, 17/05/2007)