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transgênicos
2007-05-17
A coordenadora da campanha de engenharia genética da Organização Não-Governamental (ONG) Greenpeace, Gabriela Vuolo, disse nessa quarta-feira (16/5), após a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovar a liberação comercial de uma variedade de milho transgênico (libertlink), que a decisão vai causar impactos ambientais negativos na agricultura do país. Ela acusou a CTNBio de “falta de imparcialidade” no trato das questões de biossegurança.

Desenvolvido pela multinacional Bayer, o milho libertlink é resistente ao herbicida glufozinato de amônio, que é utilizado na pulverização para combater ervas daninhas. Esse é o terceiro vegetal geneticamente modificado que é liberado para plantio e comercialização no Brasil, depois da soja RR (Roundup Ready) que é resistente ao herbicida à base de glifosato, e do algodão resistente a insetos.

Para a coordenadora do Greenpeace, a liberação do milho libertlink para o plantio vai provocar um aumento do uso de agrotóxicos e o aparecimento de ervas daninhas, além de possibilitar a contaminação genética. “O milho tem um pólen muito leve, que pode ser carregado por quilômetros pelo vento, ocasionando o cruzamento do milho tradicional com o transgênico”, explicou Vuolo. “Vão colocar em risco todas as espécies tradicionais de milho e todo o conhecimento acumulado por anos pelos agricultores”.

Segundo ela, em vários países onde esse tipo de milho foi liberado para plantio, ele não está sendo usado comercialmente. Os agricultores, acrescentou, não acham vantajosa a opção pelo transgênico, devido à rejeição do mercado internacional e por questões ambientais. “Na Inglaterra, a Bayer solicitou a liberação desse milho, mas o governo pediu mais esclarecimentos, e a empresa então retirou o pedido. Aqui no Brasil, o processo está correndo desde 1998 e a Bayer nunca fez um estudo de impacto ambiental”, afirmou.

Para a integrante do Greenpeace, quem vai ganhar com a liberação do milho transgênico no Brasil é a Bayer, além das empresas reprodutoras de sementes, “que vão lucrar com os royalties”.  “É uma surpresa que comissão [a CTNBio] não tenha agido em defesa da biossegurança. Mostrou falta de preparo, de rigor e de imparcialidade”, disse.

O superintendente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), José Américo Rodrigues, comemorou a decisão da CTNBio. Disse que essa “foi sempre uma luta da entidade” para disponibilizar aos produtores brasileiros a mesma tecnologia que seus concorrentes estrangeiros. “A liberação vai influenciar no custo de produção, havendo redução no gasto com herbicidas. Isso vai ajudar na competitividade”, destacou.

Rodrigues disse que nunca soube que o milho da Bayer tenha sido recusado em outros países e que o setor vislumbra ganhos, sim, mas principalmente no fato de poder “acabar com certos mitos de que produtos transgênicos trazem problemas, algum tipo de malefício”. “Isso nos deixa confiantes de que os outros produtos que estão na fila da CTNBio serão liberados brevemente”.

A CTNBio é um colegiado multidisciplinar, criado com a finalidade de prestar apoio técnico, consultivo e de assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos conclusivos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente.

(Por José Carlos Mattedi, Agência Brasil, 17/05/2007)

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