Importantes cientistas do mundo todo pediram nesta quarta-feira (16/05), aos líderes dos países ricos que parem de discutir sobre o aquecimento global e que, ao invés disso, adotem medidas urgentes para enfrentar o problema. As academias de ciências dos países do Grupo dos Oito (G8) - Reino Unido, EUA, Rússia, França, Alemanha, Canadá, Japão e Itália - além das academias de cinco importantes países em desenvolvimento - Brasil, África do Sul, Índia, China e México - fizerem o apelo antes da cúpula do G8, que acontece na Alemanha, em junho.
"A urgência da situação significa que decisões difíceis precisam ser tomadas agora a fim de oferecer instrumentos para desestimular a emissão de carbono", afirmou Martin Rees, presidente da Royal Society, do Reino Unido. "Podemos fazer muitas coisas por meio de mudanças positivas tais como desenvolver novas tecnologias ou tornar mais eficiente o uso dos sistemas já instalados", acrescentou.
Neste ano, os cientistas já haviam dito que as temperaturas do planeta podem subir algo entre 1,8º e 4º Celsius neste século devido à queima de combustíveis fósseis nos setores de transporte e produção de energia. Esse aumento das temperaturas provocaria enchentes, secas, tempestades e crises de falta de alimentos, colocando a vida de milhões de pessoas em perigo.
A Alemanha, que ocupa neste ano a presidência do G8, tenta ver aprovado na cúpula que acontece de 6 a 8 de junho um comunicado contundente a respeito da necessidade de adotar medidas para limitar o aumento médio das temperaturas neste século a apenas 2º Celsius acima do nível registrado antes da era industrial.
Comércio de carbono
O país também deseja que a cúpula acerte diminuir, até 2050, as emissões de carbono para um nível 50% menor que os de 1990 e que promova um sistema de comércio de cotas de carbono como instrumento para elevar o preço das emissões e, assim, incentivar a criação e adoção de tecnologias limpas.
Mas os EUA, com o apoio do Canadá, continuam resistindo à adoção de metas ou cronogramas e continuam rejeitando a criação de um mercado mundial de cotas de carbono, algo que consideram um endosso tácito às metas de emissão.
Os líderes da China, do México, da Índia, do Brasil e da África do Sul também participarão do encontro do G8. "Enfrentar o desafio das mudanças climáticas é algo que exigirá uma ação coordenada de todos os países do G8 e da Índia, da China e de outros países em desenvolvimento que registram altas taxas de expansão", disse Rees, observando que mesmo a meta de conter a elevação das temperaturas em 2ºC seria difícil de ser atingida.
O Protocolo de Kyoto é o único acordo global selado até hoje com a imposição de metas de emissão dos gases do efeito estufa. Mas esse tratado vigora até 2012 e não conta com a participação dos EUA, que o classificam como um suicídio econômico e que o criticam por não impor metas de emissão a países como China e Índia.
A fim de alimentar sua economia em franca expansão, a China, que segundo projeções feitas atualmente deve, dentro de um ano, superar os EUA na qualidade de maior poluidor do mundo, constrói uma nova termelétrica alimentada por carvão a cada quatro dias, em média.
O comunicado conjunto das academias de ciências do G8 e dos cinco países em desenvolvimento pediu aos governos que incentivem o uso mais eficiente de energia, detenham o desmatamento, compartilhem as tecnologias limpas e invistam mais intensamente em fontes de energia que não emitem carbono.
(Reuters, 17/05/2007)