A maioria dos climatologistas que temiam que o aquecimento global tivesse o efeito paradoxal de esfriar o nordeste da Europa ou até mesmo mergulhar a região em uma pequena era do gelo deixaram de se preocupar com este desastre em particular, embora permaneça uma força vívida na imaginação pública.
A idéia, que preocupou teóricos do clima por anos, era de que a corrente norte-atlântica, uma extensão da corrente do Golfo que corta o nordeste pelo Oceano Altântico para banhar as altas latitudes da Europa com águas equatoriais mornas, poderia fechar no mundo do efeito estufa.
Sem esta corrente de águas mornas, americanos na costa leste provavelmente sentiriam mais frio, porém os danos seriam maiores na Europa, onde grandes cidades ficam ao norte. Grã-Bretanha, norte da França e os Países Baixos, Dinamarca e Noruega, poderiam, teoricamente, ganhar aspectos árticos que apenas cidadãos da Groenlândia adorariam, mesmo quando o resto do mundo transpirasse.
Tudo isso foi removido das previsões. O norte da Europa não só está se aquecendo, mas quase todo modelo climático produzido por cientistas pelo mundo nos últimos anos também mostra que o aquecimento tem grandes chances de continuar. Após consultar 23 modelos climáticos, a Comissão Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU declarou em fevereiro ser "bastante improvável" que a corrente crucial de águas mornas até a Europa acabaria neste século.
A comissão afirmou que o derretimento gradual do lençol de gelo da Groenlândia juntamente com o aumento das chuvas no extremo norte provavelmente enfraquecerão a corrente norte-atlântica em 25% até 2100. Mas acrescentou que qualquer efeito de resfriamento na Europa seria sobrepujado pelo aquecimento geral da atmofstera, um aquecimento que a comissão afirmou ser resultado do aumento de concentrações de dióxido de carbono e outros gases retentores de calor.