Apesar dos esforços no campo da reciclagem, as garrafas PET continuam se constituindo em um problema ambiental sério. A boa notícia é que pesquisadoras do sul do Brasil conseguiram produzir um plástico a partir das garrafas PET que se degrada em apenas 45 dias. O trabalho foi conduzido pela acadêmica Delne Domingos da Silva, no sexto semestre de Engenharia Ambiental da Univille (SC), tendo como orientadora Ana Paula Pezzin e, como co-orientadora, Andréa Schneider, ambas também vinculadas a mesma instituição de ensino.
Porém, o projeto está ligado a mais duas universidades: PUC/RS e Universidade Pierre et Marie Curie, na França. “Basicamente, a PUC/RS, coordenada pela doutora Sandra Einloft com auxílio da Universidade Francesa fazem a reciclagem química do PET pós-consumo e a Univille/SC, coordenada pela doutora Ana Paula Pezzin, estuda a degradação em solo destes copolímeros”, explicou Delne a AmbienteBrasil.
Os experimentos, por enquanto, transcorrem em âmbito laboratorial, porém os bons resultados já indicam diversas aplicações para o produto em grande escala, dependendo de suas propriedades, que variam com o teor de PET e com o poliéster alifático utilizado na síntese. Dentre elas, a pesquisadora cita embalagens para mudas, cabos de escovas de dente, cartões telefônicos, enfim aplicações em produtos de rápida descartabilidade. “A indústria já manifestou interesse, mas pretendemos manter sigilo”, diz Delne.
No trabalho, em algumas composições, a biodegradação em solo iniciou-se em um período de 45 dias para copolímeros de PET- co-PTS - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(sebacato de trimetileno) - e de sete meses para copolímeros de PET-co-PEA - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(adipato de etileno). Os copolímeros de PET-co-PES - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(succinato de etileno) - ainda estão enterrados, já apresentando sinais de início de degradação após 8 meses em solo.
Segundo Delne, a produção mundial anual de polímeros é de aproximadamente 200 milhões de toneladas. “Sabe-se que muitos destes polímeros apresentam uma alta estabilidade e podem levar de 100 a 500 anos para sofrer biodegradação”, lembra, comentando que, a partir dos anos 90, uma grande preocupação com os problemas ambientais causados pelo acúmulo destes materiais no meio ambiente vem impulsionando a pesquisa em torno deles.
“A utilização de técnicas combinadas de incineração, reciclagem (química e mecânica) e o uso de polímeros biodegradáveis indicam maneiras de auxiliar na resolução deste problema”, completa.
(Por Mônica Pinto,
AmbienteBrasil, 15/05/2007)