Os sistemas de produção de eucaliptos implantados na região, através da Votorantim Celulose e Papel (VCP), não foram atingidos, quanto aos contratos firmados, pelas ações recentes do MST em Pinheiro Machado.
A empresa, segundo informações extra-oficiais, pretende cumprir os contratos que tem com os assentados que ainda trabalham nos cultivos implantados. Aos que saírem das metas do programa a VCP romperá os negócios. Ao que parece, novas negociações com outros assentamentos não serão mais realizadas em função das conseqüências previsíveis.
De acordo com o engenheiro-florestal da Emater, Rodolfo Perske, a VCP realizou na região, contratos de plantio da árvore, com garantia de compra da madeira para produção de celulose. A chamada poupança florestal abrange produtores de todas as categorias. Grandes, médios, pequenos, familiares e assentados constam no cadastro da empresa e a Emater é responsável pela monitoração desses plantios.
Conforme Perske, o debate a respeito desses sistemas produtivos muitas vezes escapa do âmbito técnico para ser discutido sob a luz ideológica. No sentido de esclarecer o público leigo, o técnico forneceu material com algumas informações a respeito da atividade.
Preservação de espécies nativas
O papel é muito presente e fundamental no cotidiano de todo o cidadão. É a celulose a matéria-prima necessária para a sua produção. Ao contrário de países europeus, asiáticos e da América do Norte, o Brasil produz celulose e papel exclusivamente a partir de florestas plantadas, principalmente de eucaliptos. O que significa que nenhum exemplar de nenhuma espécie nativa é utilizado na indústria.
Usos do eucalipto
A celulose: está presente em papéis diversos, absorventes íntimos, papel higiênico, guardanapo, fraldas descartáveis, viscose, tencel, papel celofane, acetato para filmes, ésteres para tintas, cápsulas para medicamentos, e componentes eletrônicos.
Óleos essenciais: fármacos, produtos de higiene, de limpeza, alimentos.
Apicultura: base alimentar para produção de mel, própolis e geléia real.
Madeira: móveis, construção civil, brinquedos, postes de energia elétrica e telefonia, moirões, laminados, MDF, HDF, compensados, lenha e carvão.
Por outro lado, as entidades representativas da engenharia florestal no Rio Grande do Sul, elaboraram um documento durante o XIX Fórum Permanente de Engenharia Florestal (março de 2007), onde apóiam a implantação do Programa Florestal da Metade Sul. O documento propõe, também, que o estudo feito pela Fepam para o zoneamento ambiental da silvicultura sirva de subsídio para o zoneamento econômico-ecológico do Rio Grande do Sul.
(Jornal Minuano, 16/05/2007)