O etanol de cana-de-açúcar é o biocombustível mais aceitável do ponto de vista ambiental, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). O diretor-executivo da agência, Claude Mandil, e o presidente do conselho de dirigentes da entidade, o vice-ministro da Indústria australiano, John Ryan, defenderam ontem (15/05) o produto em entrevista coletiva ao término da reunião ministerial da AIE.
“A melhor forma de produzir etanol, levando em conta razões ambientais, é com cana-de-açúcar, como o Brasil faz”, afirmou Ryan, que comparou o combustível com o etanol procedente do milho, como o produzido nos Estados Unidos. Indagado se ele recomenda que se deixe de produzir o etanol com milho, Mandil disse que “não é tão ingênuo assim” e explicou que o etanol de milho “também” está relacionado com “políticas agrícolas”.
Os dois dirigentes ressaltaram que o essencial agora é encontrar a segunda geração de biocombustíveis, procedentes de resíduos, fragmentos de madeira, restos de celulose, etc. “O desenvolvimento dessa nova geração de biocombustíveis teria muitas vantagens, não somente na luta contra a mudança climática, e não competiria com colheitas de alimentos”, explicou Mandil.
Como aumentar o uso de biocombustíveis e, sobretudo, como passar à segunda geração foi um dos temas abordados na reunião. A direção da AIE informou que uma delegação está disposta a visitar o Brasil nas próximas semanas. O diretor-executivo explicou que a agência está intensificando as relações com o governo brasileiro e de outros grandes países emergentes, como parte da missão que o G8 – os sete países mais industrializados e a Rússia – encomendou à AIE.
O Brasil, que foi convidado, junto a outros quatro países, a participar das últimas reuniões do G8, é “um dos mais importantes países produtores e consumidores” de energia, afirmou Mandil. O diretor-executivo lembrou que o G8 encomendou à AIE que elabore vias energéticas mais sustentáveis para o futuro e para compartilhar “as melhores práticas” em termos de eficiência, especialmente quanto à tecnologia.
A AIE atua como conselheira da política energética de 26 países. A entidade foi fundada durante a crise do petróleo de 1973–1974 com a finalidade de coordenar estudos em busca de fontes alternativas de energia. Hoje, uma das preocupações da agência é o aquecimento global, com um amplo programa de pesquisa sobre “combustíveis limpos”.
(Gazeta do Povo, 15/05/2007)