Iniciativa desencadeada na seqüência da proclamação de 2005-2014 a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, por parte das Nações Unidas, cujo objectivo é aprofundar os estudos sobre a poluição do ar e os seus efeitos, tendo em conta o crescimento preocupante da incidência de doenças respiratórias na União Europeia. O projecto “EuroLifeNet/CiênciaViva: Aprendendo/Exercendo Cidadania, Medindo a Qualidade do Ar” está a ser desenvolvido pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESE-IPVC).
"A incidência de doenças respiratórias na União Europeia tem crescido a níveis preocupantes. Daí ser fundamental aprofundar os estudos sobre a poluição do ar e os seus efeitos, e obter o apoio esclarecido dos cidadãos para políticas mais rigorosas em defesa do ambiente", comentou Luísa Neves, Coordenadora do Projecto “EuroLifeNet/CiênciaViva e Docente da ESE-IPVC.
O Projecto “EuroLifeNet/CiênciaViva: Aprendendo/Exercendo Cidadania, Medindo a Qualidade do Ar” desenvolvido por aquela unidade de ensino superior do IPVC em parceria com o Centro de Investigação de Tecnologias de Informação para uma Democracia Participativa (CITIDEP), iniciou-se em 2005, tendo a primeira campanha de recolha de dados decorrido em Novembro de 2006.
A propósito do desenvolvimento deste projecto, Luísa Neves refere que "criar uma dinâmica inovadora no ensino experimental das ciências ao nível do ensino básico e secundário, desenvolvendo uma rede de escolas de regiões distintas de Portugal (Norte, Centro, Sul e Ilhas) para promover a igualdade de oportunidades no acesso ao conhecimento, assim como implementar uma nova dinâmica no ensino/aprendizagem e na divulgação das ciências e das tecnologias, constituem os principais objectivos".
Sobre o programa EuroLifeNet, José Portela, Presidente daquela Escola Superior, salientou que "testar uma metodologia inovadora de recolha de dados (ex. exposição pessoal a partículas, poluente atmosférico com graves efeitos na saúde), em condições que satisfaçam as necessidades dos cientistas, técnicos e decisores políticos, no que respeita a rigor e fiabilidade dos dados, com cobertura estatística adequada, mas também sustentável (em termos económicos e institucionais), para recolha em regime regular, não apenas em projectos-piloto, e que contribuam para a consciencialização cívica dos cidadãos, em especial os jovens, da sua responsabilidade social no problema e na sua solução, está na base da actuação deste Programa". Mais acrescentou a importância da ESE-IPVC participar neste programa já que se insere nos seus desígnios de educação e de prestação de serviços à comunidade.
"A proposta de uma Rede Europeia pela Vida, com a participação, para além da nossa Escola Superior, de Escolas do Ensino Secundário e Básico, em parceria com investigadores e técnicos com responsabilidades, está a ser muito bem conseguida" avançou ainda Luísa Neves.
"Co-relacionar índices de poluição do ar exterior, com dados sobre o ar interior e sobretudo de exposição pessoal - e com os indicadores de saúde pública, possibilita o desenvolvimento de competências de cidadania participada através do envolvimento dos jovens na recolha de dados ambientais, os quais se pretende que venham a ser utilizados por cientistas europeus" explica Luísa Neves. "Em suma, através da divulgação e integração dos conceitos de ambiente, saúde e cidadania pretende-se sensibilizar os jovens para o desenvolvimento sustentável", considera ainda. Além da coordenação deste projecto, a ESE-IPVC presta apoio técnico e pedagógico às escolas do norte de Portugal envolvidas.
Com vista à sensibilização extensiva à Europa
Os modelos tradicionais de sensibilização dos cidadãos (via mass media e campanhas de divulgação científica) têm tido um efeito limitado. Envolver cidadãos neste estudo suscita uma oportunidade de conseguir uma maior receptividade. Esta foi já a visão subjacente do projecto pioneiro PEOPLE, e que mobilizou milhares de cidadãos na UE para ajudar a medir a exposição pessoal ao benzeno.
Mas a experiência do PEOPLE mostrou que não é suficiente envolver cidadãos como voluntários para que os meios tradicionais de sensibilização tenham automaticamente mais efeito. Com efeito, foi o projecto agregado PEOPLE-Cidadania que o CITIDEP levou a cabo, construindo uma rede de cientistas, técnicos, professores e alunos, trabalhando em profundidade com escolas de meios urbanos e meios rurais ao longo do ano lectivo, recorrendo a modernas tecnologias de informação e métodos pedagógicos inovadores, que demonstrou ser possível conseguir um impacto mais significativo e duradoiro.
Em consequência, o Institute for Environment and Sustainability, do Joint Research Centre IES/JRC (Comissão Europeia), líder do projecto PEOPLE, convidou Pedro Ferraz de Abreu, Presidente do CITIDEP e investigador do MIT, a apresentar uma nova proposta no Encontro de Maio 2005 do APHEIS, estrutura que agrupa cientistas especialistas da poluição do ar e de saúde pública de países europeus. Nasceu assim a proposta do Programa EuroLifeNet.
Um programa de referência
As Nações Unidas proclamaram 2005-2014 a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Temos por isso orgulho em que a Comissão Nacional da UNESCO tenha assinalado o EuroLifeNet como um dos projectos exemplares neste domínio (Dez. 2006). Por outro lado, todo o investimento feito em Escolas no sentido de as equipar com aparelhos de medida e de treinar professores no seu uso rigoroso, é um ganho a dobrar, tanto pelos dados que se obtêm, como pelo efeito de melhoria das condições de ensino.
Finalmente, a experiência tem demonstrado que quando alunos e professores sentem que o seu trabalho tem utilidade real directa e é importante para a sociedade em termos concretos, a sua motivação no processo de aprendizagem tende a aumentar com resultados significativos.
(Ciência Portugal, 15/05/2007)