A Indonésia anunciou nesta terça-feira (15/05) sua decisão de retificar e compartilhar novamente suas amostras do vírus da gripe aviária com a OMS - Organização Mundial da Saúde, mas pediu, em troca, garantias de que os países em desenvolvimento terão acesso às vacinas em caso de pandemia. A ministra da Saúde indonésia, Siti Fadilah Supari, em seu discurso na Assembléia Mundial da Saúde, afirmou que a decisão era porque "o vírus é extremamente violento e a ameaça de uma gripe pandêmica exige um esforço coletivo e solidário".
A Indonésia, o país mais afetado no mundo pela gripe aviária, decidiu no começo do ano parar de compartilhar informações genéticas com a OMS, alegando que o órgão oferecia estas amostras a empresas farmacêuticas que as utilizavam com fins comerciais. Esse país asiático confirmou na segunda-feira (14) o surgimento de um novo caso mortal de gripe, o que eleva para 76 o número de pessoas que morreram nesse país por causa do vírus H5N1.
Diante dos 193 países que participam da 60ª Assembléia Mundial da Saúde, Supari explicou a decisão de Jacarta dizendo que, como "ato de responsabilidade, a Indonésia mandou na semana passada suas amostras ao centro da OMS em Tóquio". O governo de Jacarta considerava "inadmissível" que farmacêuticas privadas oferecessem para comprar vacinas elaboradas a partir das amostras recolhidas entre os doentes de seu país e entregues gratuitamente.
Assembléia - O início da Assembléia Mundial da Saúde, que terminará em 23 de maio, esteve marcado por essa recusa da Indonésia em compartilhar o material genético. A ministra indonésia ressaltou que os países em desenvolvimento não têm capacidade para produzir suas próprias vacinas. Por isso, diante de uma pandemia, não poderiam proteger seus cidadãos.
Uma vez retomada sua colaboração, a ministra disse que a Indonésia "espera da OMS esse mesmo senso de responsabilidade, para prevenir qualquer mau uso das mostras e para garantir a existência de um mecanismo que permita compartilhar com responsabilidade a informação genética dos países de origem". A atitude da Indonésia em não compartilhar amostras tinha sido muito criticada pelos países ricos, que a tachavam de egoísta, mas também era apoiada pelas economias em desenvolvimento, que temem ser esquecidas no momento de distribuir as vacinas.
(Efe, 15/05/2007)