Uma usina de beneficiamento de plástico, em fase de implantação no bairro Centenário, dará oportunidade a 300 recicladores da cidade aumentarem sua renda. Hoje, nas associações desses trabalhadores, o material que chega é separado em fardos e vendido a atravessadores, que o revendem a empresas beneficiadoras do produto. Com a conclusão da usina, prevista para agosto, os recicladores eliminarão o intermediário e agregarão valor ao plástico, destaca o presidente da Associação de Reciclagens de Caxias do Sul (Arcs), Luiz Carlos da Silva. Na usina, o plástico será lavado, triturado e ensacado. O valor varia conforme a qualidade do plástico, mas os trabalhadores poderão ganhar até o dobro do que recebem hoje.
O projeto é desenvolvido em parceria com o programa Petrobras Fome Zero, que está investindo cerca de R$ 1,53 milhão na iniciativa desde 2005. A Arcs conta também com o apoio da prefeitura, Universidade de Caxias do Sul (UCS), organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Guayí e o Movimento Nacional dos Catadores. O dinheiro repassado ao projeto é administrado pela Guayí. Além de usada na reforma do prédio e compra de máquinas para a usina, a verba também serviu para a melhoria e construção de novos galpões para as associações.
- Os recicladores também fazem cursos de qualificação. Eles passam a ter consciência que estão contribuindo com o meio ambiente - avalia o coordenador regional da Guayí, Rafael Martinez Fontes.
Ontem (14/5), a coordenadora de projetos sociais da Petrobras, Maria Carmem Moraes, visitou as obras da usina e os galpões onde trabalham os catadores.
- No começo do projeto, eles ganhavam R$ 150. Hoje, todos recebem mais do que um salário mínimo. Eu também fiquei feliz pelo lado humano. Os recicladores estão sentindo a importância do trabalho que estão fazendo - afirmou Maria Carmem.
Quem são eles
Há 10 associações de recicladores em Caxias, que abrigam cerca de 300 trabalhadores. Elas ficam nos bairros Cânyon, Serrano, Reolon, Belo Horizonte, Centenário II, Cidade Nova, Aeroporto, Jardim Teresópolis, Salgado Filho e Galópolis.
Preocupação com a reciclagem está aumentando aos poucos
Caxias produz 400 toneladas de lixo, recolhidas diariamente pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca). Desse total, 340 toneladas vão para o aterro sanitário, e o restante - 60 toneladas, ou 15% do total - é de lixo seletivo, que pode ser reaproveitado e servir como fonte de renda para os recicladores.
Segundo o presidente da Codeca, Adiló Didomênico, esse percentual era menor no início de 2005, quando só 10% do total de lixo recolhido iam para a reciclagem. Mesmo assim, ele estima que 30% das 340 toneladas de lixo que hoje vão para o aterro sejam formadas por material reciclável que não foi separado corretamente pela população. A Codeca faz palestras regulares em escolas e empresas para explicar como a separação deve ser feita.
- Ainda falta hábito e cuidado na hora de separar o que vai para o lixo seletivo - diz o presidente da Codeca, acrescentando que ainda há muita gente que separa para reciclagem madeira ou guardanapos usados, por exemplo, materiais que não podem ser reaproveitados.
- A gente ganha, às vezes, R$ 0,07 por quilo. É uma mixaria, mas pelo menos isso não tá trancando boca-de-lobo - comenta Odilo Wilnsem, 61 anos, um dos 28 integrantes da Associação de Recicladores do Serrano, apontando para um saco de embalagens vazias de iogurte.
(Por Kelly Pelisser, Jornal Pioneiro, 15/05/2007)