Cerca de 15 mil trabalhadores rurais sem terra de todo o País devem participar, em Brasília, do 5º Congresso Nacional do MST. Entre os dias 11 a 15 de junho, os integrantes debatem assuntos como a expansão das multinacionais no País, o crescimento das monoculturas, principalmente de cana-de-açúcar e eucalipto, e a comercialização dos recursos naturais.
Este deve ser o maior congresso da história do MST. Realizados de cinco em cinco anos, os encontros têm por objetivo dar unidade à organização e estabelecer as lutas conjuntas que serão travadas até o próximo congresso. Marina dos Santos, integrante da coordenação nacional do MST, descreve os desafios dos sem terra neste 5º Congresso.
"Todos os temas de estudo do Congresso estão relacionados tanto no sentido da gente compreender o momento histórico, político da sociedade e pensar as propostas que nós temos, em relação à natureza da reforma agrária no país neste momento. Perspectiva de que a terra não é a coisa mais importante da conquista dos trabalhadores, mas sim a reconstrução da sua dignidade", diz.
O MST critica a reforma agrária promovida pelo governo federal, dizendo que ela apenas funciona como um mecanismo de compensação social. No seu congresso, o MST defenderá que a reforma agrária não se limita à distribuição de terras, mas deve gerar justiça social e soberania popular, através de uma agricultura que produza alimentos saudáveis sem se submeter às multinacionais do setor.
Dos 15 mil participantes neste 5º Congressos, mil serão crianças. O MST surgiu em 1984 à partir das lutas de pequenos agricultores que haviam sido expulsos de suas terras na região Norte do Rio Grande do Sul. A luta pela desapropriação das fazendas Macali e Brilhante, na Encruzilhada Natalino, foi a primeira ação dos sem terra. No entanto, a mais conhecida ficou sendo a reivindicação da Fazenda Anonni, em Pontão, com os sem terra já organizados no MST. Hoje, o Movimento atua em 24 estados, envolvendo mais de 1,5 milhão de pessoas. Cerca de 350 mil famílias estão assentadas, porém 150 mil ainda vivem em acampamentos.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 14/05/2007)