A última iniciativa do Congresso em criar uma estratégia de energia decente, em 2005, foi bastante decepcionante. Porém, correndo o risco de nos enchermos de esperança novamente, notamos dois projetos de lei bastante promissores abrindo caminho no Senado. Juntos, poderiam fazer um início construtivo em direção à redução da dependência do país em importações de petróleo e suas emissões de gases estufa.
O primeiro, patrocinado pelos senadores Jeff Bingaman e Pete Dominici do Novo México possui três objetivos principais. Procura reduzir o consumo de petróleo ao quintuplicar a produção de biocombustíveis - especialmente o etanol de outras fontes além do milho - até 2022. O projeto autorizaria padrões mais severos de eficiência para eletrodomésticos de grande consumo de energia, incluindo lâmpadas e geladeiras.
E, talvez mais importante, tentaria trazer à escala comercial as nascentes iniciativas do governo em construir estações de força movidas à carvão capazes de capturar e armazenar emissões de dióxido de carbono, o principal gás poluente. O carvão continuará sendo o combustível mais farto do planeta, e a não ser que se descubra alguma maneira de neutralizar suas emissões, a batalha para estabilizar as emissões será inevitavelmente perdida.
O outro projeto importante, conhecido como Ten-in-Ten Fuel Economy Act, foi aprovado na semana passada e é trabalho da senadora Diane Feinstein da Califórnia. O projeto aumentaria o padrão de economia de combustível para carros de passageiro de 40 para 56 km por galão nos próximos 10 anos e, - pela primeira vez - exigiria melhorias significativas na eficiência de combustível para caminhonetes médias e grandes. O debate sobre a economia de combustível se encontra num beco sem saída há trinta décadas, e a aprovação do projeto representaria um grande atalho.
Os projetos precisam de melhorias. Existem grandes brechas no projeto de lei de economia de combustível que precisam ser fechadas, e meios de proteção necessitam ser construídos para assegurar que florestas não sejam devastadas na corrida para cultivar matéria-prima para o etanol. Isto exigirá o hábil gerenciamento de Harry Reid, líder da maioria, cuja tarefa será abrir os projetos para emendas construtivas sem despertar o frenesi que tais leis de energia normalmente despertam.
O Congresso deve entender que tais leis não substituem uma estratégia de aquecimento global que coloque um preço nas emissões de carbono por meio de um mecanismo de impostos ou troca, ou uma combinação de ambos. Tal tarefa essencial ainda está por vir. O que estas leis oferecem são chances de levar o país em direção ao desenvolvimento de combustíveis e tecnologias que serão necessários por um futuro energético sustentável.
(The New York Times, 14/05/2007)