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2007-05-15

As queimadas de áreas florestais são a segunda maior fonte de emissões de gases do efeito estufa, tornando o combate ao desmatamento a forma mais fácil e barata de mitigar a ação do aquecimento global, segundo afirma um relatório publicado nesta segunda-feira, 14, pela ONG ambiental Global Canopy Programme. Segundo o relatório, as queimadas respondem por 18% a 25% das emissões de gases do efeito estufa, atrás somente das emissões provocadas pelo uso de energia.

Em comparação, a organização estima as emissões decorrentes das viagens aéreas, um dos vilões atuais dos ambientalistas, em 2% a 3% do total. Segundo o relatório, “mesmo com o aumento previsto para o tráfego aéreo, as emissões pelo desmatamento entre 2008 e 2012 deverão ser maiores do que o total das emissões por aviões desde sua invenção até pelo menos 2025”. Para o fundador da ONG, Andrew Mitchell, as florestas tropicais são “o elefante na sala da mudança climática”.

“As florestas precisam ter prioridade nos esforços para mitigar as missões globais porque a captura de carbono ou a tecnologia nuclear levarão décadas para ter qualquer impacto significativo em reduzir as emissões, enquanto podemos combater o desmatamento já, sem a necessidade de inventar nada novo ou de infra-estrutura cara”, diz ele na carta de apresentação do relatório.

Brasil

Segundo o relatório, o Brasil, 4º maior emissor de gases do efeito estufa por conta do desmatamento, perde anualmente até 26 mil quilômetros quadrados de florestas, gerando cerca de 400 milhões de toneladas de CO2.

A organização argumenta que uma das melhores formas de combater o desmatamento seria o estabelecimento de um mercado global de carbono, para que os países com mais emissões pudessem pagar pela conservação de áreas em outros países. O relatório estima em US$ 10 bilhões ao ano o ganho potencial que a preservação dessas áreas atualmente queimadas poderia trazer ao Brasil.

Para a ONG, o Brasil já tem hoje leis adequadas para a preservação das florestas, mas não existe vontade política nem recursos para implementá-las. O estabelecimento de um mercado global de carbono poderia gerar, em sua avaliação, recursos ao país que excederiam o custo-benefício do desmatamento para atividades como a criação de gado ou o plantio de soja, como ocorre hoje.

Para Mitchell, paradoxalmente o aquecimento global pode dar às florestas uma melhor chance de sobrevivência caso sua preservação seja recompensada financeiramente. “Os países suficientemente sábios para terem mantido suas florestas poderão se ver no futuro donos de uma nova indústria do ecossistema de bilhões de dólares”, argumenta.

(BBC, 14/05/2007)


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