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2007-05-14
Para desfazer mal-entendidos e evitar a proibição do uso de embalagens longa-vida no Paraná, o secretário estadual de Meio Ambiente, Lindsley Rasca Rodrigues, e o vice-presidente da Tetra Pak para América do Sul e Central, Nelson Findeiss, reúnem-se na tarde de hoje (14/5) em Curitiba. O governo do estado anunciou na semana passada que estudava proibir o uso de cartonados e que a medida radical seria conseqüência da falta de diálogo com a fabricante, que tem fábrica em Ponta Grossa e não estaria se empenhando no recolhimento do passivo ambiental que produz.

Ontem (13/5), Rodrigues contou que um ofício com oito perguntas encaminhado pela Secretaria em setembro de 2006 foi respondido “de forma jocosa” pela Tetra Pak. Em uma das respostas, um diretor da multinacional sueca teria escrito que o governo está na “época do tambor”. “Ele nos chamou de índio”, disse, indignado o secretário. Findeiss, que telefonou para agendar o encontro, teria dito que “a posição de um diretor não é a posição da empresa” e que a Tetra Pak está aberta para o diálogo.

Com o telefonema, o secretário acredita que a empresa demonstrou que está disposta a negociar para pôr fim à “saia-justa”. A atitude de Findeiss levou Rodrigues a suspender a operação de vistoria em aterros sanitários de várias cidades paranaenses em busca de embalagens longa-vida. Na semana passada, o secretário chegou a afirmar que a quantidade de multas seria tamanha que inviabilizaria o negócio Tetra Pak no Paraná. A empresa limitou-se a despachar uma nota oficial evitando polemizar sobre a ameaça.

O secretário diz que o recolhimento das embalagens está em discussão há mais de dois anos e espera que a reunião termine com um compromisso firmado pela empresa. “Já existem empresas que processam e aproveitam a embalagem e a Tetra Pak está à margem”, diz. Ele ressaltou que a caixinha é segura para o uso, mas é problemática quanto à composição, por ter produtos como alumínio, tinta e cola, altamente impactantes no meio ambiente. Rodrigues lembra outros casos em que o produtor já se comprometeu com o recolhimento do passivo, como no caso dos pneus e das embalagens de agrotóxicos, e destaca que o processo começou com força nas áreas de filtros de postos de combustíveis e óleo de fritura.

“Nossa política não é contra a empresa. Não queremos uma guerra, queremos o recolhimento”, assegurou o secretário, destacando que os projetos ambientais de treinamento de catadores e professores acontecem em escala “ridícula”. De acordo com o governo estadual, 500 milhões de embalagens longa-vida são colocadas no mercado paranaense a cada ano e apenas 160 milhões são recicladas. Os números não são reconhecidos pela fabricante. A empresa confirma a produção anual de 8 bilhões de embalagens no Brasil. Segundo dados do Conselho dos Produtores e da Indústria do Leite do Paraná (Conseleite), cerca de 35% dos 23 bilhões de litros de leite produzidos anualmente no estado é armazenado em embalagens longa-vida.

A Tetra Pak afirma não sofrer restrição nos 165 países onde atua e que só no ano passado mais de R$ 80 milhões foram gerados com a reciclagem de embalagens longa-vida. Hoje há companhias que fabricam placas, telhas e outros produtos a partir da mistura de plástico e alumínio das embalagens recicladas.

Nova fábrica - Concorrente deve aceitar regra antes de produzir    
Maior fabricante de embalagens longa-vida no Brasil, a multinacional sueca tem uma fábrica em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e figura como uma das cinco maiores geradoras de ICMS no Paraná. “Mesmo assim, não tem direito de poluir”, disse o secretário Lindisley Rasca Rodrigues. Sobre a instalação de outra gigante do setor de embalagens no Paraná, com incentivos fiscais do governo estadual, Rodrigues afirmou não haver contrasenso. A multinacional suíça Sig Combibloc, principal concorrente da Tetra Pak, irá construir uma unidade fabril em Campo Largo, num investimento aproximado de R$ 275 milhões. A empresa já tem o licenciamento prévio para se instalar, mas ainda precisa cumprir mais duas etapas: a do licenciamento de instalação e a de operação, antes de iniciar a construção. Na terceira etapa, deverá apresentar um plano de gerenciamento de resíduos. “Vai ter que se comprometer antes de começar a funcionar”, garante Rodrigues.

(Por Katia Brembatti, Gazeta do Povo, 14/05/2007)


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