O governador Blairo Maggi disse ontem (10/05), ao fazer o balanço da sua viagem aos Estados Unidos, que Mato Grosso precisa “sair da monocultura” e investir mais no plantio do milho para produzir etanol. “Precisamos desenvolver a agricultura alternativa e estimular a produção do álcool a partir do milho, como já fazem há décadas os norte-americanos. Com etanol do milho, Mato Grosso terá maior sustentabilidade econômica e mais uma vertente para seus investimentos”, enfatizou.
O governo pretende patrocinar a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado (Fapemat) para desenvolver projetos de viabilidade técnica e econômica a serem apresentados aos grandes investidores. “Vamos mostrar que o etanol é viável e mais interessante para o nosso Estado. Com isso, vamos estimular a vinda de novas plantas industriais e gerar mais empregos”.
Maggi, que é empresário do agronegócio, afirmou ter convicção de que “o caminho a ser seguido” por Mato Grosso é produzir etanol a partir do milho. “As grandes nações fazem isso com sucesso e não podemos ficar na contramão da história”, disse, lembrando que nos Estados Unidos o custo para se produzir o etanol a partir do milho é bem mais alto do que no Brasil. Enquanto os norte-americanos produzem até 12 toneladas de milho para obter mil litros de etanol, em Mato Grosso este custo é quatro vezes menor, ou três toneladas para gerar mil litros de álcool.
Estudos do governo apontam que o custo de implantação de uma planta industrial para produzir 150 milhões de litros de etanol por ano pode chegar a US$ 120 milhões nos Estados Unidos. O consumo de milho seria de 450 mil toneladas ou 80 mil hectares de milho.
A utilização do milho para fabricação do etanol poderia também elevar a produção do grão das atuais 1,2 milhão de toneladas para 15 milhões de toneladas, nos próximos anos.
Na avaliação dos técnicos do governo, esta nova alternativa tornaria a produção de milho competitiva e geraria milhares de empregos no país.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), deputado federal Homero Pereira, 30% de toda a produção de milho de Mato Grosso pode ser transformado em etanol. Segundo a Famato, o etanol brasileiro é um dos mais baratos do mundo, 0,22 dólares por litro, enquanto que o preço do produto nos EUA, obtido a partir do milho, é 0,30 dólares.
“O nosso custo de produção com o milho também é bem menor, chegando a menos de 50% em relação à soja”, lembrou. De acordo com levantamento da Famato, em Mato Grosso o custo para se produzir soja é de R$ 1,1 mil por hectare. No caso do milho, este custo cai para R$ 500/hectare.
Outra possibilidade citada por Homero Pereira é o aproveitamento das usinas sucroalcooleiras do Estado para o processo do etanol a partir do milho. “Podemos utilizar as destilarias em funcionamento em nosso Estado para processarmos o etanol. Se isto se concretizar, já teremos dado um grande passo nesta direção”.
EstradasO governador Blairo Maggi aproveitou sua viagem aos Estados para se reunir com diretores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), visando à captação de recursos para financiamento dos produtores rurais interessados na construção de rodovias através de consórcios. As rodovias poderiam reduzir os custos do frete e viabilizar o escoamento do etanol para os centros consumidores. Famato, governo do Estado e IFC do Brasil já estudam o projeto, que prevê a contrapartida financeira dos produtores em troca da isenção no pagamento do Fundo Estadual para o Transporte e Habitação (Fethab).
(Por Marcondes Maciel
, Diário de Cuiabá, 11/05/2007)