Segundo dados de um estudo divulgado nesta quinta-feira (10/5), em audiência pública no Ministério Público Estadual, o ar respirado em Salvador pode ser a causa de diversos males à saúde dos soteropolitanos.
Na audiência, a mestranda da Ufba Nelzai Vianna apresentou os dados de sua pesquisa de biomonitoramento, feito com a retirada de partículas atmosféricas de bromélias, onde ficou constatado que o ar da capital baiana tem uma considerável quantidade de metais pesados.
Este quadro pode causar diversos problemas à saúde da população, tais como doenças respiratórias, cardiovasculares e oftalmológicas, além de impacto na mortalidade infantil.
Segundo representantes do Ministério Público, as maiores vítimas da poluição são as crianças, os idosos e a população carente, por terem mais dificuldade em manter uma boa qualidade de vida.
Ar fica mais poluído no Carnaval Os locais onde os trios elétricos se concentram antes de entrar nos circuitos puxando os blocos são os de maior incidência de poluição durante o Carnaval de Salvador. Nesses pontos, o nível de partículas poluentes do ar chega a 600 microgramas por metro cúbico em apenas uma hora.
O parâmetro para exposição segura, de acordo com a Organização Mundial de Saúde é de 20 microgramas por metro cúbico, em 24 horas, segundo explicou o pesquisador Paulo Saldiva.
Segundo o pesquisador, as emissões poluentes decorrem principalmente das carretas e caminhões com motores velhos usados para carregar os equipamentos de som e de suporte dos blocos. Na sua opinião, é preciso usar veículos com tecnologia mais limpa para evitar que a festa, “que é para celebrar a alegria, se torne motivo de prejuízo para a saúde”.
Ele comparou a exposição à poluição do Carnaval ao consumo de um cigarro a cada hora. “Ninguém cai duro por fumar oito cigarros, mas pode ter aumentado o risco de contrair sinusite, infecção de garganta, ter uma asma agravada, ou de ter gripe com mais facilidade”, observou ele. Ele destacou, contudo, que fora da região dos trios, o nível de partículas em suspensão produzidos na combustão veicular estava dentro dos padrões da OMS.
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A Tarde, Correio da Bahia, 10/05/2007)