Índios brasileiros queixaram-se, em uma carta aberta ao papa Bento 16 nesta quinta-feira (10//05), que o governo ameaçou o modo de vida indígena com grandes projetos de infra-estrutura e ignorou suas reivindicações por um retorno às terras de seus ancestrais.
"Desejamos transmitir a Vossa Santidade, nestas breves palavras, um pouco de nossas angústias e esperanças, contando com vossa amizade e solidariedade na construção de um continente e de um mundo justo e harmonioso, conforme buscaram por séculos nossos ancestrais", disseram os índios em uma carta ao papa.
Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, tentaria entregar a carta ao pontífice, segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). A carta afirma que os índios sofreram um "processo de genocídio" com o passar dos séculos, incluindo perseguição, invasões de terra e esterilização de mulheres.
Segundo a nota, o assassinato de líderes indígenas por pessoas que invadem suas terras ainda acontece.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava colocando em perigo as florestas, comunidades e cultura dos índios com projetos de hidrelétricas e estradas, de acordo com a carta assinada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
O Brasil tem entre 450 mil e 750 mil índios, que falam 180 idiomas diferentes.
A carta afirma que os índios do Brasil têm tido o apoio da Igreja Católica e de vários missionários em sua luta pacífica pelos direitos históricos.
(Por Raymond Colitt,
Reuters/Brasilonline/O Globo online, 10/05/2007)