A declaração da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que as energias solar e eólica, sob do ponto de vista técnico, não são alternativas reais para um País em crescimento, repercutiu fortemente junto à Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), e foi considerada uma ameaça aos planos de investimento nos projetos de geração do setor. "É surpreendente que a ministra Dilma jogue uma ducha de água fria sobre os projetos de desenvolvimento de energia eólica e, mais ainda, que considere essa alternativa incompatível com a necessidade de crescimento do País", afirma Sérgio Marques, vice-presidente da ABEE. "Isso dá a entender que o País não pode conciliar sustentabilidade e crescimento, quando, de fato, deveria pensar que hoje, mais do que nunca, é fundamental crescer de forma sustentável".
Enquanto países como a China e a Índia apostam em 48 mil MW e 42 mil MW de potência eólica a ser instalada, respectivamente, o Brasil prevê irrisórios 4,7 mil MW instalados até 2030, ou algo em torno de 200 MW por ano, o que a ABEE considera uma antiestratégia de planejamento energético para o País. "É surpreendente que China e Índia, dois países em desenvolvimento, consigam planejar investimentos em energia eólica, com equilíbrio de custos, enquanto o Brasil aponta na direção oposta, apesar do grande potencial para geração", destaca Marques.
O Brasil possui, somente no Nordeste, mais de 73 mil MW de potencial efetivo para geração eólica, de acordo com o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro - documento produzido pelo CEPEL/Eletrobrás. Nesse sentido, a energia eólica pode atender de forma substancial e complementar à demanda de energia do Brasil. Por exemplo, se no prazo de 10 anos, a cada ano fossem implementados 1.000 MW de energia eólica apenas na região Nordeste, o País geraria eletricidade equivalente ao dobro da capacidade atual da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), por um custo bem similar ao da matriz hidrelétrica.
“Não se pode imaginar que a solução complementar para a nossa matriz elétrica, disponibilizada pela natureza sem custo algum de combustível, seja substituída por geração térmica, seja ela qual for”, apontou Marques. Outro ponto favorável da geração eólica é a rapidez na instalação de uma usina, que alcança prazos de 18 a 24 meses, tempo relevante para colaborar de forma decisiva na mitigação do risco de desabastecimento previsto para os próximos três anos.
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Carbono Brasil/GP Comunicação, 10/05/2007)