A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo daAssembléia Legislativa gaúcha realizou audiência pública na manhã desta quinta-feira (10/05), na sala José Antônio Lutzenberger, para debater "Desafios Para Implantação do Plano Estadual de Irrigação". Estiveram presentes os secretários estaduais da Agricultura e Abastecimento, João Carlos Fagundes Machado, e extraordinário de Irrigação e Usos Múltiplos da Água, Rogério Ortiz Porto, além de deputados, representantes de entidades ligadas ao setor primário, prefeitos, vereadores e pesquisadores.
"Tivemos acesso a dados técnicos importantes e pudemos ver a opinião de entidades representativas", resumiu o presidente da Comissão, deputado Adolfo Brito (PP). "Vimos que os municípios estão motivados para o projeto de irrigação do Estado, mas precisamos fazer com que isso seja, cada vez mais, discutido para que as pessoas possam conhecer a importância para o Rio Grande do Sul no que diz respeito à geração de emprego e de renda".
Porto apresentou os quatro pilares do Programa Estadual de Irrigação, que são a cooperação interinstitucional, o diálogo com a comunidade, a capacitação e a realização de obras. "A sociedade produtiva do Rio Grande do Sul merece ter uma renda digna", disse o secretário de Irrigação. "O Estado tem um importante capital social: o agricultor". Segundo Porto, uma das estratégias para desenvolver as 14 regiões com menor PIB per capita do Rio Grande do Sul e torná-las tão eficientes quanto as dez regiões em melhor situação é diversificar a produção. O Plano fará um investimento estimado em R$ 600 milhões e beneficiará 400 mil hectares.
Machado avisou que a secretaria da Agricultura prestará apoio ao Programa Estadual de Irrigação. Na sua opinião, a governadora Yeda Crusius "demonstrou grande sensibilidade ao criar uma secretaria especial para enfrentar questões relativas à dependência do clima, antecipando, desta maneira, as dificuldades com ações para garantir renda aos produtores".
Mário do Nascimento, presidente da Emater, explicou que a empresa está totalmente engajada ao programa. "Nossa meta para 2007 é capacitar 9 mil agricultores, chegando a 45 mil, se levarmos em conta que cada um levará seu conhecimento a cinco vizinhos próximos", declarou. "Eles receberão a visão de que irrigação é uma tecnologia de produção".
Opiniões
Para o deputado Alceu Moreira (PMDB), o armazenamento de água é uma questão de absoluto domínio humano: "Não precisa dizer que quem guarda aprende a economizar. Aquele que não dá valor gasta mais. A Assembléia tem o papel imprescindível de fazer o eco deste grito". O parlamentar lembrou a importância de o governo desenvolver políticas integradas.
A deputada Zilá Breitenbach (PSDB) concordou com Moreira e acrescentou: "Estamos vendo perspectivas no projeto por ser um programa integrado de ação do governo estadual". E foi além: "É importante levar a técnica para os programas municipais".
O deputado Aloísio Classmann (PTB) afirmou que no futuro "teremos dias melhores para os nossos agricultores com este esforço conjugado de oportunidade aos nossos produtores".
A unanimidade em relação à questão da irrigação foi apontada pelo deputado Dionilso Marcon (PT): "É o sonho de todo agricultor". O parlamentar ponderou, no entanto, que é importante saber com que meios esse projeto será executado e qual o papel do Estado para as comunidades que não têm água para beber. "Qual é a prioridade do governo estadual: produzir alimentos ou plantar eucaliptos", questionou.
O representante da Federarroz, Pedro Barcelos Filho, valorizou o programa do Estado e lembrou que, no ano passado, o Rio Grande do Sul plantou 100 mil hectares a menos por falta de armazenagem de água. Ivo Lessa Silveira Filho, da Farsul, voltou à questão das políticas integradas: "Seria importante unificar os discursos."
João Bogorni, coordenador da área de agricultura da Federação das Associações Regionais de Municípios (Famurs), confirmou a parceira da entidade no projeto de irrigação. Da mesma forma, José Américo da Silva, vice-presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), garantiu que o tema será prioridade para a federação.
Ainda participaram da audiência os deputados Cassiá Carpes (PTB), Heitor Schuch (PSB), Jerônimo Goergen (PP) e Paulo Odone (PPS).
(Por Vanessa Lopez, Agência de Notícias AL-RS, 10/05/2007)