Ainda assim, o setor de créditos de carbono encontra dificuldades para atender a demanda, segundo apurou o "Financial Times", devido a falta de técnicos capazes de monitorar projetos de redução de carbono e verificar se cortes nas emissões realmente ocorrem. Dos ganhos de 2006, cerca de US$ 25 bilhões vieram de transações na União Européia e os outros US$ 5 bilhões, da venda de créditos de carbono em países em desenvolvimento. A China foi o mais beneficiado, com a venda de 61% dos créditos; seguida por Índia, com 12%; e Brasil, com 4%. Os créditos são vendidos normalmente por entre US$ 5 e US$10. O Reino Unido comprou 50% do total.
Segundo avaliação do Bird, apresentada na semana passada, os mercados de carbono resultaram em fluxos dos países ricos para os pobres que totalizaram US$ 8 bilhões desde 2002, além de ganhos adicionais de US$ 14 bilhões nos países em desenvolvimento graças a investimentos em tecnologia em energias "limpas". "O mercado de carbono tornou-se uma valioso catalisador para alavancar substanciais fluxos financeiros para a energia limpa em países em desenvolvimento", observou o diretor de meio ambiente do banco, Warren Evans.
Vários analistas e especialistas do mercado, no entanto, disseram ao "Financial Times" que há falta de fiscais, o que poderia conter o desenvolvimento de projetos de redução das emissões de gases-estufa. "É apenas uma questão de tempo antes que haja um déficit de capacidade e tenhamos mais atrasos nos projetos", disse o diretor-gerente na Europa da consultoria ICF International, Abyd Karmali.
O mercado de créditos de carbonos foi criado pelo Protocolo de Kyoto e serve para que os países desenvolvidos cumpram suas metas de reduzir as emissões em cerca de 5% ate 2012 por meio do investimento em projetos como usinas eólicas, em países em desenvolvimento. Esse mercado funciona sob os termos do protocolo e da estrutura da UE. Mas há outro que deve chegar a U5$ 4 bilhões em 2010. É o mercado conhecido como voluntário, já que as empresas compradoras de créditos não seriam obrigadas a reduzir suas emissões. O Bird, no entanto, teme que os problemas nesse mercado sem regulamentação possam comprometer a imagem dos mercados de carbono principais.
(Por Fiona Harvey, Valor Online, 10/05/2007)