Depois de colocar-se como grande opositor das metas para reduzir emissões de gases, o primeiro-ministro australiano, John Howard, dá fortes sinais de que irá apoiar um esquema para negociar emissões de gases do efeito estufa. Em abril, os estados australianos desafiaram o primeiro-ministro e aprovaram um sistema nacional de mercado de carbono para combater o aquecimento global até 2010. Para Howard essas metas prejudicariam a economia e a posição do país como maior exportador mundial de carvão.
Agora que vem recebendo duras críticas sobre o seu limitado orçamento para as iniciativas ligadas às mudanças climáticas, o premier diz que está esperando por um relatório sobre o assunto, que deve ser publicado até o final do mês, para agir. “Todos concordam que precisamos de um preço sobre o carbono para mitigar efetivamente o problema das emissões. E a melhor maneira de estabelecer um preço para o carbono é por meio de um mecanismo de mercado, ou seja, um sistema de negociação de emissões”, afirma. “Esta... é peça chave para qualquer estratégia a longo prazo, e eu comentarei bastante este assunto nas semanas posteriores ao recebimento do relatório”, acrescenta.
O grupo de trabalho designado para fazer o relatório tem como prazo 31 de maio. O documento deve apresentar como melhor precificar a poluição de carbono. O secretário do tesouro Peter Costelo se colocou contra a introdução de iniciativas climáticas que, segundo ele, imporiam um peso econômico injusto sobre os australianos. “A principal questão é quão longe iremos e qual o espaço de tempo, pois inevitavelmente haverão custos”, avalia. Costelo também acredita que seria necessário minimizar os custos, principalmente para os pobres, que carregarão o maior peso do programa.
O orçamento federal inclui incentivos para a utilização de energia solar, 126 milhões de dólares para centros de pesquisa, e 197 milhões de dólares para a proteção global das florestas. O Partido Trabalhista alegou que a verba para as mudanças climáticas, que totaliza 741 milhões de dólares ao longo de cinco anos, não é substancial, nem novo. “O orçamento para as mudanças climáticas equivale a menos de 0.1% do PIB e diminui ao longo do período previsto”, observa o porta-voz da oposição ambientalista Peter Garrett. “O orçamento não vai frear o aumento em 27% da poluição de gases do efeito estufa da Austrália de até 2020, e demonstra claramente que o governo não tem vontade política para tentar e prevenir mudanças climáticas perigosas”, acrescenta.
Para o chefe executivo do Greenpeace, Steve Shallhorn, o erro do governo de não mitigar adequadamente o aquecimento global pode resultar em grandes pressões econômicas. “O que o secretário do tesouro não consegue entender é que isso é ruim para o meio ambiente, e é ruim para a economia,” diz Shallhorn. “O erro na prevenção de mudanças climáticas perigosas custará 20% da economia global no futuro.”
(Traduzido por Fernanda Muller, CarbonoBrasil, Fonte: The Age, 09/05/2007)