AMBIENTALISTAS EM ALERTA MÁXIMO POR CAUSA DO GASODUTO DE URUCU
2001-11-06
Em uma das áreas mais preservadas da Amazônia brasileira, a 700 km de Manaus, a Petrobras planeja construir dois novos gasodutos para a expansão da produção de gás e óleo das reservas de Urucu. - Este empreendimento, entre os vinte maiores projetos de infraestrutura do país, é um dos mais arriscados e menos divulgados projetos do plano Avança Brasil, diz um manifesto da ONG Amazônia.org. Uma das principais preocupações dos ambientalistas com relação ao projeto é que a rota do gasoduto abrirá as portas para que madeireiros, mineiros, fazendeiros e lavradores também montem atividades de extração e exploração na região, em parte habitada por grupos indígenas extremamente isolados e vulneráveis, como os Apurinã, Paumari, Deni e Juma. Em 1998, a Petrobras construiu a primeira parte do gasoduto. São 280 km de extensão partindo da reserva de Urucu, no Rio Urucu, até a cidade de Coari. Ao longo de seu trajeto, o gasoduto provocou impactos desastrosos nas comunidades locais e na floresta. A Petrobras planeja agora a construção de duas extensões. - Caso se concretize, o projeto terá impactos ainda mais graves, pelo fato de que a obra rasga a floresta amazônica em sua parte mais intacta e vulnerável. O gasoduto, ao abrir caminhos de colonização nessa região frágil, pode inaugurar uma nova década de destruição da Amazônia, sem precedentes até o momento, equiparando-se, talvez, apenas à construção da rodovia Transamazônica, acreditam os ambientalistas da Amazônia.org. Na primeira parte do projeto, o gasoduto teria de 550 km de extensão, iria de Urucu a Porto Velho (Rondônia). No segundo, seriam 420 km de extensão, de Coari a Manaus (Amazonas). Inicialmente, a Petrobras considerava fazer a compressão do gás natural numa usina que deveria ser construída em Urucu e transportar esse gás líquido natural por rio, em barcaças, para Manaus, Porto Velho e outras cidades do Amazonas. Este plano justificou a construção da hidrovia do rio Madeira. -Entretanto, depois da construção da hidrovia esse plano foi abandonado e substituído pela construção dos gasodutos, denuncia a ONG. A obra prevê a construção de duas estradas de 15 a 30 metros de largura, por toda a extensão dos gasodutos. Essas estradas ligariam as duas maiores cidades da Amazônia brasileira - Manaus e Porto Velho.