O professor do Instituto de Biociências da UFRGS, Ludwig Buckup, afirma que a análise feita pelo grupo de trabalho convocado pelo governo do Estado não tem valor. "Considero este documento ilegal", reforça.
Para ele, a formação do grupo foi feita à margem da lei, que prevê apenas a realização de estudos para determinar o zoneamento. Portanto, ele acredita que não se poderia criar um documento paralelo para avaliação do impacto ambiental da silvicultura pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Ao longo deste ano, o Conselho deve realizar uma série de audiência públicas e reuniões que resultarão na elaboração de norias definitivas para o licenciamento ambiental de florestas.
Buckup também critica a ausência de propostas no documento que "apenas se preocupa em descontruir o zoneamento feito pela Fepam. É um trabalho totalmente inconsistente, que não tem nenhuma contribuição para corrigir um aspecto ou outro", acrescenta.
O presidente da Ageflor, Roque Justen, reafriam a necessidade de reformulação do zoneamento. "Há problemas de metodologia e critérios adotados que comprometem a manutenção da silvicultura no Estado", destaca. Para ele, os critérios rigorosos preconizados no trabalho da Fepam erram ao se sobrepor à legislação florestal federal. Outro problema na avaliação de Justen é a não-inclusão de informações já produzidas por órgãos oficiais, como a Fepagro e Univerisade Federal de Santa Maria.
Para ele, ao apontar eventuais erros de metodologia como a limitação do plantio por propriedade ou utilização de dados da Floresta Amazônica, o grupo de trabalho falhou ao não apresentar dados técnicos que embasem essa argumentação. Ele cita especificações de trabalho que apontam o consumo de água das florestas de eucalipto comparadas a culturas como cana-de-açúcar, café e citrus.
Estas questões, na avaliação de Buckup, não justificamm as considerações feitas pelo grupo. Ele argumenta que o levantamento apresentado não especifica situações como idade do eucalipto e o número de árvores plantadas por hectare. "E também tem o problema do tempo da cultura. A cana fica cinco meses, enquanto a árvore fica lá o ano inteiro", enfatiza o professor da Ufrgs.
(Jornal do Comércio, 09/05/2007)