O Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama (Cetas) está sendo alvo de acusações de maus-tratos contra animais. A afirmação é da ambientalista Telma Lobão, que diz ter recebido denúncias de funcionários do próprio centro. A tentativa de visitação ao local, da ambientalista com a presença da imprensa, na manhã de ontem (08/5), foi proibida pelo superintendente do Ibama/BA, Célio Pinto.
Segundo Lobão, os funcionários denunciam que os animais mantidos no Cetas estão vivendo em condições precárias, feridos e amontoados em jaulas e gaiolas. Eles alegam ainda que há mais de dez anos nenhuma espécie é devolvida à natureza. A ambientalista afirmou ainda que a visitação ao centro deveria acontecer em conjunto com o Ministério Público Estadual e a Polícia Federal, como uma ação de fiscalização, mas ambos os órgãos não estiveram presentes.
De acordo com a ambientalista, o delegado Fernando Berbet, da PF, alegou falta efetivo para a participação na ação. A reportagem entrou em contato com a PF na tarde de ontem, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. “No último mês tenho recebido diversas denúncias por e-mail e telefone de funcionários e da comunidade, mas tenho que manter o nome dos denunciantes em sigilo”, afirma.
O Cetas tem a finalidade de acolher e tratar as espécies apreendidas em ações de fiscalizações, além de receber animais de proprietários particulares que viviam em cativeiro doméstico de forma irregular como animais de estimação. Os que não têm condições de retornar ao seu hábitat são encaminhados para zoológicos, criadouros registrados no Ibama e centros de pesquisa. Através de denúncias da ambientalista, o Ibama responde a processos judiciais, sendo acusado de comercializar pássaros ilegalmente com criadouros.
O superintendente do Ibama, Célio Pinto, afirmou que proibiu a entrada da ambientalista em qualquer instalação do Ibama. “Estamos em conflito judicial e eu proibi a entrada dela para evitar tumulto. Ela está querendo holofotes”, afirmou. O superintendente disse ainda que o centro de triagem não é aberto à visitação pública e que a legislação veda a entrada indiscriminada de pessoas no local. que foi reinaugurado em 2004. “Os animais estão lá em quarentena para reabilitação e não podem ficar expostos ao contato de qualquer pessoa. As denúncias não procedem. O centro foi reativado para oferecer melhores condições para os animais”, salienta. Apesar de reconhecer a falta de espaço do local, ele garante que os animais não estão amontoados em jaulas e que está buscando parcerias junto ao Ibama de Brasília para ampliação do espaço.
Atualmente, estima-se que cerca de 1.500 animais estão em reabilitação no Cetas, segundo a coordenadora do centro, Conceição Pires. Entre as espécies, estão 900 jabutis, 14 macacos-pregos, dez filhotes de emas e 200 pássaros. A coordenadora afirma que existe um programa de soltura anual, no qual os animais reabilitados são reinseridos na natureza. O promotor do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado, Heron Santana, alegou que as diligências devem ser feitas pela polícia e por isso o órgão só pode dar entrada em qualquer processo a partir de provas. Para isso, ele diz já ter solicitado ao Ibama informações sobre o funcionamento do Cetas, além de solicitar a realização de uma ação de fiscalização da PF junto ao Ibama.
(Por Cilene Brito,
Correio da Bahia, 09/05/2007)