Para que tingir a seda quando os bichos-da-seda podem ser geneticamente modificados para produzir uma cor específica? Este é o objetivo de cientistas japoneses que manipularam geneticamente os insetos para que produzam fios vermelhos, amarelos ou verdes, segundo estudo publicado nesta segunda-feira (07/05).
O autor do estudo, Takashi Sakudoh, da Universidade de Tóquio, disse que a compreensão do sistema de transporte de pigmentos do bicho-da-seda "prepara o caminho para a manipulação genética da cor e do pigmento da seda". Na natureza, a cor dos casulos de seda varia do branco ao verde, passando por amarelo, bege, salmão e rosa. As cores da seda são de pigmentos naturais, absorvidos quando os bichos comem as folhas da amoreira.
Os cientistas japoneses observaram que nos bichos-da-seda que produzem seda branca, o "sangue amarelo" ou gene Y, sofre mutação: um segmento de DNA é apagado. O gene Y permite aos bichos da seda extrair carotenóides (pigmentos orgânicos que ocorrem naturalmente nas plantas), compostos da cor amarela, das folhas da amoreira.
Os cientistas descobriram que os insetos com mutação produziam uma forma não-funcional da proteína de carotenóide CBP, conhecida por ajudar a captar o pigmento. Usando técnicas de engenharia genética, os cientistas introduziram genes Y imaculados nos insetos mutantes. Os bichos-da-seda manipulados produziram CBP e casulos de cor amarela, que se revelou mais forte depois de vários cruzamentos.
Segundo os autores deste estudo, publicado na revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos ("PNAS"), a seda poderá ser produzida em cor-de-carne e num tom avermelhado.
(Tribuna do Norte PR, 08/05/2007)