O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), ofereceu jantar, na residência oficial do governo, ao empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do resort Costão do Santinho e um dos presos na Operação Moeda Verde da Polícia Federal.
O jantar foi no domingo (06/05) à noite, no Palácio da Agronômica, em Florianópolis, 48 horas depois de Mattos ter sido solto. A operação da PF apura suspeitas de fraudes na liberação de licenças ambientais para grandes empreendimentos na capital catarinense.
"O governador me convidou porque ficou bastante preocupado com o meu emocional", disse Mattos ontem.
Na semana passada, Luiz Henrique já havia criticado a operação, que deteve 19 de 22 pessoas com mandado de prisão temporária decretado por suspeita de envolvimento no suposto esquema.
Sete dos mandados foram para empresários ou executivos de três empreendimentos milionários na cidade. O ponto de partida da apuração é o crime de tráfico de influência.
O governador disse que a operação submeteu os empresários à "condenação pública".
No despacho da Justiça Federal que determinou as prisões, Mattos aparece como possível braço de suposta quadrilha de políticos, servidores públicos estaduais e municipais e empresários, especializada em autorizações ambientais irregulares para construções em áreas de proteção ambiental.
Duas escutas telefônicas autorizadas envolvem Mattos com o ex-funcionário comissionado da Fatma (agência ambiental estadual) André Luiz Dadam, um dos quatro suspeitos que continuavam presos ontem.
Na primeira, os dois tratam do pagamento de um jantar para a campanha derrotada de Dadam a deputado estadual pelo PSDB, no ano passado. No diálogo, Mattos reclama da ''conta muito alta''.
Na segunda escuta, o empresário pede pressa na liberação do projeto ''Vilas do Santinho'', seu novo empreendimento habitacional. Em fase inicial, o projeto está parado na Fatma.
Quando trabalhava na agência ambiental, Dadam fiscalizou e autorizou o complexo habitacional de Mattos Costão Golf, no entorno do resort, na praia do Santinho.
A indústria de plásticos Inplac, de Mattos, doou R$ 10,5 mil para a campanha de Dadam no ano passado.
Outro ladoMattos disse ontem que sua prisão foi uma "violência" e um "equívoco''. Defendeu que empresários tratem da liberação de seus processos em órgãos públicos. ''Usamos diversos relacionamentos para fazer nossos processos saírem rápido, senão o empresariado morre esperando uma liberação."
O empresário afirmou que ajudou a campanha de Dadam por sua ''qualificação técnica'' para propor leis ambientais. Reclamou ainda da vinculação, pela imprensa, de seu nome ao resort Costão do Santinho, dizendo que a apuração se restringe ao projeto "Vilas do Santinho", ainda no papel.
(Por Mari Tortato,
Folha online, 08/05/2007)