Os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Minas e Energia, Silas Rondeau, disseram ontem (07/05) que a idéia de retomada do programa nuclear, com a construção da usina de Angra 3, não tem relação com a demora no licenciamento ambiental das hidrelétricas do Rio Madeira. A afirmação contradiz discurso feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada em Uberlândia (MG), ao inaugurar duas hidrelétricas.
Lula afirmara que a energia hidrelétrica é a mais barata e é preciso enfrentar as resistências dos ambientalistas. "Ou fazemos as hidrelétricas que temos de fazer, vencendo todos os obstáculos, ou vamos entrar na era da energia nuclear."
Ontem, Rondeau disse que a decisão de construir ou não Angra 3 "não é um confrontamento com as hidrelétricas do Madeira". Segundo ele, uma eventual substituição "seguramente" não envolve Angra 3, pois a usina não entraria em funcionamento a tempo. "Angra 3 significa a retomada do programa nuclear brasileiro, tem um caráter mais estratégico do que botar uma usina termonuclear para funcionar. Não se pode atropelar esse processo de discussão sobre a energia nuclear por causa de um sufoco de uma hidrelétrica."
Dilma também insistiu em que a proposta de construção de Angra 3 não é uma alternativa às usinas do Madeira. "A questão da geração nuclear é uma das possibilidades e não só em relação ao complexo do Madeira." Angra 3, disse, tem sido colocada como alternativa "estranha" às usinas do Madeira.
Ela discordou ainda da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que na semana passada se opôs à idéia de construção da usina nuclear de Angra 3 e defendeu a adoção de termelétricas, energia eólica e energia solar. "Não acredito que tenhamos muitas alternativas, porque do ponto de vista técnico as energias solar e eólica não são alternativas reais para um país em crescimento", argumentou Dilma.
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O Estado de S. Paulo online, 08/05/2007)