Quatro dos 22 suspeitos na investigação de esquema de corrupção, tráfico de influência e formação de quadrilha para acobertar crimes ambientais vão permanecer detidos preventivamente na carceragem da Polícia Federal em Florianópolis. Entre eles, está o vereador sem partido e líder do governo na Câmara Municipal de Florianópolis, Juarez Silveira, acusado no inquérito de articular a negociação de licenças ambientais e alterações de zoneamento urbanístico em favor de grandes empreendimentos imobiliários.
A delegada responsável pela Operação Moeda Verde, Júlia Vergara da Silva, também indicou ao juiz da Vara Federal Ambiental, Zenildo Bodnar, a necessidade de prisão por mais 30 dias de Renato Joceli de Souza, secretário afastado da Susp (Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos) da Prefeitura de Florianópolis, de Rubens Bazzo, servidor da Susp, e de André Luiz Dadam, servidor em cargo de confiança até abril do ano passado na Fundação de Meio Ambiente do Governo do Estado.
O empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do Costão do Santinho, que foi liberado pela Justiça Federal na noite de sexta-feira, depois de 36 horas de detenção, concedeu entrevista coletiva ontem pela manhã. Ele disse não acreditar na existência de uma "quadrilha" que negociasse licenças ambientais. Entretanto, disse saber de alterações do zoneamento urbano, autorizadas pela Câmara de Vereadores, para beneficiar empreendimentos.
- Os empresários têm que ser relacionar bem com os órgãos ambientais pra conseguir agilidade nos processos - alegou.
Marcondes também confirmou que autorizou ajuda de campanha de R$ 3 mil a André Dadam e a declaração pública do seu apoio em Biguaçu, na Grande Florianópolis. Curioso é que na declaração de doações de campanha do candidato tucano à Justiça Eleitoral, contudo, a empresa Inplac, da qual participa o empresário, fez a doação oficial em valor três vezes maior, de R$ 10,4 mil. Dadam fez 9.582 votos e não se elegeu deputado estadual.
Marcílio Ávila, atual presidente da Santur, empresa de promoção do turismo do governo estadual, e ex-presidente da Câmara, é o único dos 22 suspeitos que ainda não cumpriu mandado de prisão temporária. A OAB Seção SC expediu nota com restrições às prisões realizadas pela Operação Moeda Verde em defesa do princípio de presunção de inocência.
(Por Adriana Baldissarelli,
O Globo, 08/05/2007)