Enquanto o restante do mundo procura soluções para minimizar as emissões atmosféricas, a CVRD anuncia a construção de três usinas movidas a carvão para seu abastecimento. A previsão é de que uma usina seja instalada em Vitória, contrariando a recomendação da Organização das Nações Unidades (ONU) de banir o carvão da atividade industrial e contribuindopara o aquecimento global.
O novo projeto, anunciado pelo presidente da CVRD, Roger Agnelli, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", é justificado pela empresa com o aumento de produção a um ritmo de 30 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. Segundo as informações de Agnelli, a CVRD precisa assegurar energia para sustentar seu crescimento.
O primeiro projeto já tem endereço e será construído em Barbacena, no Pará. Ainda segundo a entrevista, os outros dois locais ainda não foram definidos mas devem ficar próximos aos portos. Como exemplos, são citados São Luís, no Maranhão, e Vitória. A previsão é que o empreendimento comece a operar em 2010.
A desculpa dada ao jornal foi a seguinte: "Já que há dificuldade para novas hidrelétricas, a Vale está optando por fazer a usina que pode no curto prazo. O país tem energia renovável, limpa e barata na Amazônia, mas os agentes econômicos acabam tendo que trazer energia suja e mais cara para sustentar o crescimento".
Segundo a ONU, grande parte dos países do mundo já está implementando estratégias para substituir o uso do carvão ou derivados de petróleo, em busca da redução das emissões poluentes. Se o Estado permitir o empreendimento da CVRD, a população já pode começar a pensar em um futuro ainda mais poluído.
Ao contrário da energia gerada por fontes limpas e renováveis, que aproveitam os recursos naturais como a luz solar, o vento, resíduos como restos agrícolas ou lixo orgânico, pequenas hidrelétricas e o biogás, a utilização do carvão prejudica o meio ambiente e contribui com emissões de gases para o efeito estufa.
Através das chamadas alternativas limpas, é possível aumentar a diversidade da oferta de energia, assegurar energia a longo prazo, além de reduzir a poluição e a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, diz o documento da ONU, criam-se oportunidades de emprego nas regiões rurais e meios de desenvolvimento de tecnologias locais.
Já o carvão é uma fonte de energia não-renovável que foi criticada já no esboço do terceiro relatório do Painel Intergovenamental para a Mudança Climática (IPCC), cuja versão oficial foi lançada no dia 4 de maio, em Bangcoc. O documento diz: "As emissões podem ser cortadas abaixo dos níveis atuais, se o mundo der as costas a combustíveis como o carvão".
A CVRD, pretende ainda implantar um projeto de uma usina de placas de aço e vem conversando com os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo para a sua concretização. O mesmo projeto já foi rejeitado pelo governo do Maranhão, que depois de mandar estudar os estragos ambientais causados pela empresa no Espírito Santo informou que quer evitar que a região de São Luís seja degradada pela poluição do pólo siderúrgico da CVRD.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 07/05/2007)