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Oxy
2007-05-08

Indígenas da selva peruana do rio Amazonas advertiram a multinacional Occidental Petroleum Corporation (Oxy) que limpe sua selva ou apresentarão uma queixa contra essa empresa na justiça dos Estados Unidos. Um informe sobre as atividades da Oxy durante três décadas na fronteira entre Peru e Equador diz que meninos e meninas da comunidade achuar apresentam altas concentrações de chumbo e cádmio no sangue, considerados muito prejudiciais para seu desenvolvimento. Também estudos anteriores feitos pelo governo peruano chegaram a conclusões semelhantes.

 

“Esta semana nos comunicamos com a Oxy para que nos diga de boa fé como fará para limpar o lixo tóxico que deixou em nossa selva. Já esperamos muito”, disse o ancião e líder espiritual tomas Maynas Carijano, um dos possíveis queixosos. “Se a Oxy não nos der uma resposta satisfatória e logo, vamos preparar uma queixa pelos prejuízos causados”, acrescentou. Um porta-voz da companhia na cidade norte-americana de Los Angeles refutou as acusações e disse à IPS que a empresa não tem conhecimento de que suas atividades causem problemas de saúde, e acrescentou que ela não opera nessa região desde o final de 1999.

 

Os anúncios coincidiram com uma reunião de acionistas da empresa realizada sexta-feira, da qual também participaram dois líderes achuar, incluído o próprio Carijano. O outro indígena foi Andrés Sandi Mucushua, líder da Federação de Comunidades Nativas do Rio Corrientes, a principal organização peruana que representa a comunidade achuar de 12.500 pessoas. “Minha gente está doente e morre por culpa da Oxy. A água de nossos riachos não se pode beber e já não podemos comer os peixes de nossos rios nem os animais da selva”, afirmou Mucushua.

 

Os achuar sustentam seus argumentos para possíveis ações legais em um relatório sobre as atividades da Oxy, feito pelas organizações ambientalista EarthRights International (ERI), Amazon Watch e a peruana Racimos de Ungurahui. A companhia petrolífera norte-americana iniciou as perfurações nessa região em 1971. A área, perto da fronteira com o Equador, se converteu no maior complexo petrolífero do Peru e chegou a gerar cerca de 42% da produção de petróleo do país. Em 2000, a empresa vendeu sua participação nessa zona para a companhia argentina Pluspetrol.

 

A investigação dessas organizações diz que a companhia deu excessiva ênfase em suas medidas de redução de gastos que a levaram a utilizar tecnologia inferior aos padrões e causou a contaminação do território achuar, que persiste até hoje. O documento de 30 páginas afirma que as atividades da Oxy “estiveram longe dos padrões aceitos para a indústria”. Além disso, acrescenta que a companhia utilizou práticas proibidas na bacia do rio Corrientes e métodos proibidos há muitos anos nos Estados Unidos.

 

Por exemplo, usou poços de terra para armazenar os fluidos extraídos, o petróleo e os produtos secundários. Eram perfurações cavadas diretamente na terra e abertas, sem revestimento nem barreiras de proteção, que costumavam transbordar e fluir até à superfície dos cursos de água e infiltrar-se no solo e nas camadas freáticas, segundo o informe. Também teria vertido cerca de 850 mil barris por dia de produtos tóxicos, derivados do processo de extração, nos rios e cursos de água que os achuar utilizam para beber, se banhar, lavar e pescar. Além disso, houve vazamentos periódicos de petróleo, diz o documento.

 

“A comunidade achuar vive com o legado prejudicial da Oxy de extrema contaminação de seu território e seus cursos de água, dificuldades para pescar, caçar e cultivar, além de problemas de saúde persistentes, incluindo a contaminação com chumbo e cádmio”, diz o informe. O documento conclui que a companhia verteu diretamente na selva virgem dos achuar nove bilhões de barris com resíduos sem tratamento e com um dos subprodutos do processo de extração que contém uma variedade de toxinas e agentes cancerígenos.

 

Richard S. Kline, da Oxy, informou que a companhia vendeu sua participação para a Pluspetrol, que assumiu total responsabilidade pelas atividades passadas e atuais. Também informou que todas as operações foram aprovadas e controladas pelo governo do Peru. Kline explicou, ainda, que uma copia desse informe divulgado quinta-feira pelas organizações ambientalistas ainda deve ser enviada à empresa. “Não temos informação científica sobre nenhuma conseqüência negativa para a saúde. Se há investigações científicas, certamente gostaria de ter a oportunidade de examiná-la e estamos abertos ao diálogo e ao intercâmbio”, destacou o representante da Oxy.

 

Os ativistas questionaram essa afirmação alegando que a companhia precisava limpar seu nome e que seu passado não prevê nada de bom para o futuro. “Os antecdentes da Oxy de desprezo pelas normas e pelos direitos humanos mais básicos dos achuar é terrível”, disse a diretora executiva da Amazon Watxh, Atossa Soltani. “A Oxy deve ser mais decisiva e retificar os erros do passado limpando a desastrosa contaminação e ajudando os achuar a lidar com seus problemas de saúde. Do contrário, este escândalo a perseguirá durante anos com publicidade negativa e possíveis processos judiciais”, ressaltou.

(Por Emad Mekay, IPS, 07/05/2007)

 


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