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biodiesel biocombustíveis
2007-05-07
Do último andar da sala da presidência da sede da Petrobras Distribuidora (BR), a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, olha para baixo e aponta o engarrafamento que toma conta da Avenida Radial Oeste na hora do rush e comenta: "Olha lá, tem cada vez mais carros na rua". O crescimento da frota significa o aumento do mercado consumidor da subsidiária da Petrobras, e conseqüentemente, mais negócios. Ao mesmo tempo, contribui para a poluição do ar. Por isso, além de vender gasolina com menores teores de enxofre, a BR encampou a aposta do governo federal no biodiesel. Mais do que politicamente correta, a opção de intensificar as vendas do combustível quase dois anos antes da obrigatoriedade revelou-se um negócio altamente rentável à companhia, revela Graça Foster. "Nunca havia imaginado isso, com toda a sinceridade. E o biodiesel está entre os produtos de maior rentabilidade", afirma. Até o fim de maio, a empresa terá 5 mil postos espalhados por todo o Brasil ofertando biodiesel composto por 2% de óleo vegetal (B2), um ano após o início das vendas do combustível nos postos BR.

JORNAL DO COMMERCIO - Qual o balanço que a senhora faz de um ano de vendas de biodiesel nos postos da BR Distribuidora? Quais foram as maiores dificuldades encontradas nesse processo?

MARIA DAS GRAÇAS FOSTER - O trabalho que a BR fez nesses 12 meses foi planejado. Se não fosse assim - e muito acompanhado, cobrado - esse programa não teria saído. Depois desse tempo todo, olhando para a BR e para as outras distribuidoras, que atuaram de forma muito tímida, eu digo que a implementação do biodiesel é um processo bastante complexo. Com a experiência que temos, tenho certeza que, a partir da obrigatoriedade, em 18 de janeiro do ano que vem, será muito mais fácil usar o B2. Ter diferentes tipos de diesel em um mesmo terminal é muito mais complexo.

Qual o diferencial, em termos de oferecimento do biodiesel, que a BR procurou passar ao consumidor?

- O que a BR preza é a questão da credibilidade. O consumidor pode ter certeza que, quando há um biodiesel sendo transportado em um caminhão da BR, aquela mistura contém o B2. Não está transportando nem o B2,1 nem o B1,9. E o caminhão voltado para o biodiesel só transporta o biodiesel. Por ali, não passa outro tipo de diesel. O cuidado com tudo isso tem que ser muito grande. Temos um trabalho de qualidade muito grande a partir do momento em que o biodiesel entra em nosso terminal. Desde a estocagem até à expedição. É uma série de exigências, que, a partir do momento em que você entra, que se depara com o desafio que tem.

Como a empresa se preparou para atender a todas as exigências?

- Se esperar chegar o dia 18 de janeiro de 2008 e não estiver fisicamente preparado, não tem como fazer isso. É praticamente impossível se colocar um relógio em cima da mesa e definir que hoje é obrigatório. Por isso que nos preparamos para a entrada de cada base, intensificamos o relacionamento com os órgãos ambientais. Com raríssimas exceções, não tivemos qualquer dificuldade com a implementação do biodiesel.

Como está o portfólio da companhia atualmente, em termos de biodiesel?

- Hoje, das 64 bases da BR, 55 já recebem biodiesel. Há um ano, apenas duas (Fortaleza e Belém) operavam biodiesel, movimentando 90 mil litros por mês. Hoje, as 55 bases movimentam 680 milhões de litros/mês. No total, a BR investiu, ao longo de 2006, R$ 35 milhões no programa de biodiesel. É um investimento para toda a vida. Até julho, todo o diesel comercializado pela BR será B2. Além disso, temos 4.521 postos em 229 dias úteis de trabalho, e até o dia 30 de maio, chegaremos a 5 mil unidades disponibilizando biodiesel.

Como os consumidores vêm recebendo o biodiesel?

- Do ponto de vista teórico, não há mudança alguma para melhor. A melhor coisa é passar imperceptível, ou seja, é o cliente se sentir tão bem atendido pelo B2 quanto pelo diesel. Mas constatamos em algumas pesquisas clientes que se dizem melhor atendidos pelo B2. Mas não há justificativa, teoricamente, para que ele sinta um desempenho melhor do veículo, que ele perceba uma economia maior. Percebemos, ao mesmo tempo, uma satisfação do cliente abastecer seu veículo com um combustível menos poluente, em meio a toda essa discussão sobre aquecimento global. Ainda que o efeito do B2 seja apenas uma gota no oceano.

A senhora esteve à frente da Secretaria Nacional de Petróleo e Gás, do Ministério de Minas e Energia, onde coordenou o planejamento da implementação das unidades produtoras de biodiesel. Como isso foi feito?

- Há oito pólos de produção nos entregando biodiesel atualmente. Essas plantas não nasceram do nada, houve um planejamento desde 2003, no governo federal. Há um racional mercadológico e logístico por trás. Não mudaríamos as 11 refinarias da Petrobras e os 64 terminais da BR Distribuidora para atender o novo combustível. O biodiesel é que deveria atender a proximidade do mercado, e, conseqüentemente, a posição das refinarias e bases.

A distância entre alguns pontos de produção e os centros consumidores não poderá criar distorções de preço?

- A questão do preço é correta. Haverá ganhos maiores em uma região, e custos maiores em outra, por trás de um racional econômico. Vai depender da localização de plantas, terminais, logística de transporte.

Alguns distribuidores reclamaram que muitos produtores não estavam entregando o biodiesel no prazo previsto. Essa situação afetou a BR?

- Não enfrentamos problemas com entrega do produto. Houve um atraso anterior na produção, mas desde março há mais produção do que retirada. Estamos verificando saldos crescentes no mercado desde então. As distribuidoras têm que ir lá tirar junto comigo, senão vai sobrar. Mas não é uma sobra física, na verdade, o produtor não vai poder produzir. Esse é o risco de a BR ficar liderando esse mercado quase que de forma solitária. De um tempo para cá, Shell e outras distribuidoras estão tirando os produtos.

Do ponto de vista empresarial, o biodiesel se mostra, realmente, um negócio lucrativo?

- Tem momentos em que há um custo maior, mas depois, há ganhos. Na média, se consegue fazer um atendimento com racional econômico que coloca o biodiesel no portfólio como um dos produtos mais rentáveis. Nunca havia imaginado isso, com toda a sinceridade. E ele está numa posição como um de nossos produtos de maior rentabilidade.

E depois da obrigatoriedade, como será o mercado de biodiesel? O que se espera em termos de concorrência para a aquisição do produto?

- A partir de janeiro, não deve haver mais leilão, não há porque ter, pois o combustível será obrigatório. Daí, vamos para o mercado buscar os produtos, com contratos. E já temos um contato permanente com esses produtores, temos uma história de vida com eles. Queremos o produtor que nos é fiel, que me atenda quando eu precise, que me dê produtos de qualidade, que não me deixe esperando quando eu precisar de mais volume.

A senhora está completando também um ano à frente da BR. Qual a diferença agora em relação a outros cargos que já ocupou?

- Tudo na revenda é muito frágil, e isso foi um aprendizado para mim aqui na BR. Projetos de dez, 20 anos, isso não existe na BR. Aqui é o dia-a-dia, você faz e erra, faz e erra, e acerta, e erra… E a satisfação é constatar um resultado excepcional em 2006. E as perspectivas para o primeiro trimestre de 2007 são extremamente positivas.

Em termos de mercado de combustíveis, qual a avaliação que a senhora faz do atual quadro?

- O mercado de combustíveis no Brasil cresceu, juntamente com o poder aquisitivo e distribuição de renda. Vemos cada vez mais carros na rua. Principalmente o álcool, cujas vendas cresceram bem no ano passado. Nós compramos 60% a mais de álcool em 2006, no comparativo ao ano anterior. Nesse ano, em termos gerais, o mercado de combustíveis segue crescendo significativamente.

A BR pretende intensificar a atuação junto aos grandes consumidores?

- É um de nossos focos de atuação. É um nicho de mercado que vamos continuar atuando de forma completamente determinada. O B2 é uma marca Petrobras. As outras misturas são uma decisão do cliente, que está sendo autorizado pela ANP. Minha responsabilidade é atendê-los em todas as etapas. Temos hoje 3.350 grandes consumidores usando biodiesel. Isso é pouco, eu quero mais. Vamos buscar o máximo possível até julho. Temos 6 mil grandes consumidores, sendo que nem todos utilizam diesel. Há um ano, não tínhamos nenhum grande consumidor utilizando o combustível.

E quanto a outros combustíveis renováveis, como a BR se posiciona em um momento em que o mundo inteiro volta sua atenção para a questão?

- É triste para uma empresa ter a mesma carteira de produtos há muito tempo. A reação da BR aos combustíveis renováveis já acabou. Já existiu, e não existe mais. A partir do momento em que o mundo se volta ao Brasil na busca de aprendizado e conhecimento sobre biocombustíveis, uma distribuidora que fecha os olhos para isso é inconseqüente. Como não é nosso caso, entendemos que é uma oportunidade de negócios excepcional. A BR entrou de forma determinada e disciplinada em cima do álcool. Criamos uma base de conhecimento que já vinha de longos anos. Colocamos isso tudo e demos uma etiqueta. É a equipe do álcool da BR, a equipe do biodiesel, a equipe que trata dos biocombustíveis dentro da companhia, e que olha muita atenta ao hidrogênio, para a geração de energia. Estamos trabalhando com o Centro de Pesquisas da Petrobras para termos, até meados do ano que vem, o primeiro posto de hidrogênio, para atendimento cativo.

Então, biocombustíveis passou a ser prioridade para a empresa?

- Criamos uma gerência executiva de Negócios de Energia, que não tem preconceito contra absolutamente nada que gere energia, seja motora, elétrica, térmica. Além da geração de energia tradicional com queima de óleo combustível e diesel, estamos com 18 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), um trabalho muito bem feito pelo meu antecessor. Vamos intensificar essa linha de atuação. Eu digo sempre que a BR tem que ser, por obrigação junto ao seu controlador, uma distribuidora que é referência. Ela tem que estar na linha de frente, assim como a Petrobras. Não posso ficar sendo uma distribuidora comum. Eu tenho que ser uma empresa que toma riscos, que chega na frente. Se eu não puder tomar riscos, quem é que vai tomar. Quando eu digo risco, é o planejado.

Há outros projetos de geração de energia nos quais a empresa pensa em entrar?

- A BR entrou no Proinfa. Qualquer projeto de geração de até 80 MW está dentro do perfil da empresa, que está em seu estatuto. São pequenas gerações.

Isso inclui energias alternativas?

- Não há nada previsto dentro de eólicas, ou solar. Não vou dizer que não faremos, mas não há planos. Temos projetos de co-geração e biomassa. Além de um serviço especial aos nossos clientes, com a BR gerando energia nos horários de maior consumo, entrando com combustível e geração. Além de receita adicional, a BR garante a colocação de seu combustível nessas pequenas gerações

A BR pretende continuar em busca de postos de bandeira branca?

- Continuamos atendendo os postos de bandeira branca. Existem alguns que são verdadeiros supra-sumos da dignidade, da ética, da forma correta de trabalhar. Meu sonho de consumo é um dia ver nossos revendedores com nossa bandeira. Essa é nossa relação com o mercado.
(Por Cirilo Junior, Jornal do Commercio, 07/05/2007)
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