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seca e estiagem emissões de co2
2007-05-07

Para quase todos os lugares que você viaja ultimamente, as pessoas estão falando sobre o seu clima – e como ele mudou. Em nenhum lugar eu descobri que isso era tão verdade do que na Austrália, onde a “grande seca”, uma aridez recorde pelo sexto ano, secou os australianos a um ponto tão severo que no dia 19 de abril, o primeiro-ministro John Howard pediu para todo o país rezar pela chuva. “Eu disse para as pessoas rezarem para chover”, Howard me disse, acrescentando, “Eu disse isso sem nem um pingo de ironia”.

 

E isso que é realmente engraçado: começou a chover! Mas não o suficiente, que é uma razão pela qual a Austrália terá a primeira eleição sobre se a mudança climática deveria ser um assunto principal. Em apenas 12 meses, a mudança climática foi de algo que não se falava aqui para um que pode guiar o voto.

 

No processo, Howard, um conservador que agora está em seu 11º ano em exercício, mudou do que antes era um cético climático para o que ele chama agora de “realista climático”, que sabe que ele deve oferecer programas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, mas quer fazer isso sem sofrimento econômico ou imposição de metas, como as de Kyoto. Ele propõe comércio de emissões e energia nuclear.

 

O Partido do Trabalhador, liderado por Kevin Rudd, propõe uma meta dura – uma redução de 60% das emissões de CO2 australianas dos níveis de 2000 até 2050 – e subsídios para os australianos aperfeiçoarem suas casas com sistemas de economia de energia. Todo esse assunto surgiu lá de baixo, e subiu tão rapidamente que nenhum dos partidos pode ter certeza que eles estão alinhados com a opinião pública.

 

“O que era considerado esquerda há um ano agora é centro, e em seis meses será conservador – é essa rapidez que o debate sobre o aquecimento global está movendo aqui”, disse Michael Roux, presidente da RI Capital, uma empresa de investimento de Melbourne. “Está sendo liderado por jovens ao redor de mesas com seus pais, e os CEOs e políticos estão todos tentando alcançar”.

 

Eu perguntei para Howard o que aconteceu. “Foi a tempestade perfeita”, ele disse. Primeiro veio um aviso de Nicholas Stern, da Grã-Bretanha, que disse que a mudança climática não era somente real, mas poderia ser economicamente devastadora para a Austrália. Então a seca prolongada forçou Howard a declarar mês passado que “se não chover em volume suficiente nas próximas seis a oito semanas, não haverá distribuição de água para irrigação” até maio de 2008 para colheitas e gado na bacia do rio Murray-Darling, que conta por 41% da agricultura australiana.

 

É como se o faraó tivesse banido a irrigação do Nilo. Os australianos ficaram chocados. E as tradicionais queimadas australianas, que normalmente começam em janeiro, começaram em outubro porque tudo estava muito seco. Finalmente, no meio de tudo isso, Al Gore veio para a Austrália e mostrou seu filme, “Uma verdade inconveniente”.

 

“A coincidência de todas essas coisas mudaram todo o debate”, disse Howard. Enquanto ele tende a se focar nos custos econômicos de agir muito agressivamente contra a mudança climática, seu rival, Rudd, está se focando nos custos de não agir. Hoje, disse Rudd, comerciantes australianos estão exigindo que os políticos “façam um acordo regulatório ambiental” no comércio de emissões de carbono para que as empresa saibam a estrutura que eles terão que operar – porque eles sabem que as mudanças estão vindo.

 

Quando você olha para o debate climático ao redor do mundo, observou Peter Garrett, o ex-cantor da banda australiana Midnight Oil, que agora lidera os esforços climáticos do Partido do Trabalhador, existem dois tipos de conservadores: os iguais George Bush e John Howard, ele disse, que bem lá no fundo permanecem muito céticos sobre ambientalismo e mudanças climáticas “porque esses assuntos foram agenda de outras pessoas por tanto tempo“, mas eles também sabem que devem oferecer políticas para ao menos neutralizar esse assunto politicamente.

 

E existem os conservadores como Arnold Shwarzenegger e David Cameron, o líder do Partido Tóri em Londres, que compreende que o clima está se tornando um grande assunto definidor e quer tirar ele da mão de liberais sendo mais progressivo do que eles são.

 

Em resumo, mudança climática é o primeiro assunto em muito tempo que pode realmente mexer com a política ocidental. Conservadores tradicionais podem agora construir pontes com os liberais ambientalistas; liberais tradicionais podem achar uma causa em comum com empresários ambientalista. E enquanto sindicatos de mineração de carvão se opõem às restrições do aquecimento global, sindicatos de prestação de serviços, que servem hotéis turísticos da costa, precisam adotá-las. Você pode ver tudo isso e mais na Austrália hoje.

 

Política fica interessante quando para de chover.

(Por Thomas L. Friedman, The New York Times, 05/05/2007)

 


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