Pão com mortadela pela manhã e marmita no almoço e jantar. Esses são as refeições oferecidas, desde quinta-feira (3/5), na carceragem da Polícia Federal aos empresários, servidores municipais e estaduais e políticos citados nas investigações da Operação Moeda Verde. O café é servido em uma garrafa grande. A falta de espaço obrigou alguns a dormirem no chão.
De acordo com um policial federal, um dos presos fez cara feia para a refeição oferecida ao meio-dia. No entanto, a fome foi mais forte e, depois de torcer o nariz, acabou comendo. Naquele dia, foi servido arroz, feijão, carne e salada. As regras da Polícia Federal não permitem que as famílias levem bolos, salgados, bifes, enlatados e frios. Guloseimas só podem ser levadas nas quartas-feiras, dia de visita.
Para passar o tempo, um advogado quis entregar revistas pedidas pelo cliente. Além de uma sobre equipamentos náuticos, havia duas publicações masculinas com as participantes do Big Brother 7, Fani e Flávia, nas capas. As publicações foram barradas porque também só podem ser entregues nos dias de visitas.
As celas foram classificadas como uma pousada por um advogado. Ele disse que há piso cerâmico e azulejos, uma cama de cimento com colchão em cima, vaso sanitário e uma pia. Os presos tomam banho em outro local. Uma TV de 14 polegadas serve de passatempo. No entanto, não há TV a cabo. As portas ficam abertas, e eles podem se encontrar no espaço reservado para banho de sol. De acordo com o delegado Gilbran Soncini, quinta-feira o vereador Juarez Silveira se ajoelhou ao encontrar o empresário Paulo Toniolo Júnior. Chorando, pediu perdão por tê-lo colocado na prisão.
O esquemaA Polícia Federal investiga indícios de que, para driblar as restrições da legislação ambiental, empreendedores corrompiam, com pagamento de propinas, uso de carros de luxo e troca de favores, funcionários públicos de órgãos como Floram e Fatma, que emitiam licenciamentos ambientais irregulares.
O futuro da investigaçãoAs prisões da Operação Moeda Verde foram temporárias. Todos os detidos podem ser liberados antes de cinco dias, se colaborarem com as investigações. A PF pode pedir ao juiz a prisão preventiva (30 dias prorrogáveis) dos suspeitos.
> O inquérito, ainda sem prazo para ser concluído, terá como resultado um relatório, que será entregue ao juiz federal.
> O relatório poderá pedir o indiciamento ou não dos suspeitos.
> Depois de receber o inquérito da PF, o juiz encaminha o documento ao Ministério Público Federal, que decide então se denuncia ou não os suspeitos e reencaminha esse parecer ao juiz.
> O juiz federal decide se aceita ou não a denúncia contra os acusados. Se a denúncia é aceita, abre-se então uma ação penal na Justiça Federal. Os acusados serão então processados.
> Só ao final do processo na Justiça é que eles poderão ser condenados.
(Por Felipe Pereira,
Diário Catarinense, 06/05/2007)