Parte dos empreendimentos citados na Operação Moeda Verde já está concretizada. São obras prontas ou quase acabadas, quando já não estão em operação, como é o caso do Shopping Iguatemi. De que forma então recuperar o impacto ambiental já causado?
Segundo o biólogo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) João de Deus Medeiros, a ilegalidade flagrante pode resultar em demolição do empreendimento e posterior recuperação ambiental.
- Isso já ocorreu no Vilas do Santinho. Lá tiveram que demolir uma obra e recuperar a faixa de Marinha. Na Praia do Sonho, na época do aterro da Baía Sul, a dragagem feita por uma empresa holandesa causou grave acidente ambiental na área de restinga. E a empresa foi obrigada a promover a recuperação, remodelando as dunas e restingas - exemplifica.
Segundo o professor de Arquitetura e Urbanismo da UFSC Francisco Antônio Carneiro Ferreira, mais importante do que recuperar é não danificar. Para ele, a Florianópolis deveria seguir modelos europeus de preservação. Cidades como Londres, onde os pedestres são o foco principal. Ou Paris, que até hoje mantém preservada sua arquitetura secular. Ou Amsterdã, onde o principal veículo de transporte é a bicicleta.
- O grande réu é o município, que sequer tem uma unidade de conservação. Não tem um setor de planejamento ambiental. Sem isso, os parques vão continuar abandonados ou no papel. Temos que mudar o modelo de transporte da cidade, que estimula o uso de carros e também alterar o eixo do turismo, focando o lado ecológico e não o turismo de massa - ressalta.
A Justiça Federal explica que a Operação Moeda Verde não pode resultar diretamente em embargo, adequação ou destruição dos empreendimentos. Para isso ocorrer, seria necessária uma ação civil ajuizada pelo Ministério Público.
Alguns dos empreendimentos citados já foram alvo de ações civis por causa de questões ambientais e tiveram de fazer adequações ou acordos com a Justiça.
O que é a Operação
> Deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira (3/5), em Florianópolis, a Operação Moeda Verde investiga suspeitas de corrupção na liberação de construções em áreas da União e de proteção ambiental.
> Foram presas 20 pessoas entre quinta e sexta-feira, duas delas em Porto Alegre. Na operação, foram apreendidos mais de R$ 500 mil e US$ 37,5mil (cerca de R$ 75 mil), oito automóveis (foto), documentos e eletrodomésticos. Entre os presos estão um vereador da capital catarinense, dois secretários municipais, três servidores de órgãos ambientais e pelo menos nove empresários. Eles são suspeitos de crimes contra a ordem tributária, formação de quadrilha, falsificação de documentos, corrupção e tráfico de influência.
> Com base em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a PF conseguiu os pedidos de prisão temporária dos 22 suspeitos.
> A apuração começou em agosto de 2006, com a suspeita de irregularidades na liberação da construção do loteamento milionário administrado por um grupo gaúcho.
(Zero Hora, 06/05/2007)