Um dia depois do anúncio do abrandamento das exigências para plantio de eucalipto, não havia ontem (4/5) resultados práticos da decisão do governo do Estado de destravar a liberação de áreas até a aprovação definitiva do zoneamento ambiental. As empresas produtoras de celulose terão de acertar com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) como serão os procedimentos para obter as licenças.

Aracruz, Stora Enso e Votorantim Celulose e Papel (VCP) - responsáveis pelos três maiores empreendimentos do setor no Estado - estão sem plantar há pelo menos dois meses. Para evitar demissões, a Aracruz deslocou cerca de 1,2 mil funcionários para outros serviços, disse ontem o diretor de operações da empresa, Walter Lídio Nunes. Na Stora Enso, o serviço é de manutenção das áreas plantadas no ano passado, segundo o diretor florestal para a América Latina, João Borges.

No caso da VCP, informa o diretor florestal, José Maria Arruda Mendes Filho, a empresa ainda tem um estoque de cerca de 2 mil hectares licenciados e que ainda não foram plantados. Mas faltava orientação para definir o plantio deste ano. Ao comentar a demissão da secretária do Meio Ambiente, Vera Callegaro, o executivo mostrou-se tranqüilo:

- Confiamos que o governo tem em mãos bons instrumentos para fazer um trabalho mais técnico do que ideológico - afirmou.

Agricultores pagam parcelas de financiamento sem plantar
Desde o dia 1° de janeiro, os agricultores que pretendiam aderir ao Programa Poupança Florestal no sul do Estado aguardam uma definição sobre as diretrizes que vão nortear o cultivo de eucaliptos. Muitos deles já aprovaram os projetos e receberam financiamento do BNDES, mas não conseguiram as autorizações necessárias para iniciar o plantio.

- Todos já estão pagando o financiamento, mas não puderam licenciar as áreas - diz um empresário.

A situação se repete na maioria dos 27 municípios da região que participam do Programa Poupança Florestal, que já cultivou 6 mil hectares com eucaliptos destinados à VCP, em parceria com a Emater. Segundo Fernando Alves, coordenador do Poupança Florestal na Emater Zona Sul, a divulgação do programa está suspensa desde janeiro.
(Zero Hora, 05/05/2007)